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OAB, Assembleia e Amef criticam prisões na Operação Jurupari

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A audiência pública realizada hoje para discutir o impacto das operações da Polícia Federal em Mato Grosso lotou o plenário. Várias autoridades, políticos e representantes de classe estiveram presentes. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PP), disse que as recentes operações da Polícia Federal mobilizaram a população, que cobrou do parlamento informações sobre o impacto social, econômico e jurídico desses trabalhos.

Conforme Riva, são questionáveis as prisões, uma vez que tem acontecido mesmo sem a materialidade do ilícito, o que poderá incorrer em injustiças. “Por exemplo, a Jurupari, chegou-se a conclusão de que para constatar a materialidade dos ilícitos são necessários documentos que só foram feitos 15 dias após a operação. Quer dizer, foram prisões por suposição apenas verificando o projeto via internet na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Apontaram que o plano de manejo estava viciado, mas sem realizar vistorias”, declarou Riva.

Entre os representantes de classe, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção de Mato Grosso, Cláudio Stábile, apontou a necessidade de discutir o fato de prenderem centenas de pessoas, antes do direito de defesa e do devido processo legal. “A prisão deve ser uma exceção. Principalmente, antes do direito de defesa. A regra assegura o direito de defesa para depois avaliar as duas versões, da acusação e da defesa. Aí sim, o magistrado profere a decisão”, afirmou.

Segundo Stábile, há uma preocupação com as decisões proferidas pelo juiz Julier Sebastião, pois destoam das decisões dos outros juízes federais. Chegou a afirmar que trata-se de um desserviço à sociedade. “São decisões que determinam a prisão de centenas de pessoas antes do devido processo legal e que, na semana seguinte, o TRF diz que são decisões arbitrárias e que existem indícios de abusos de autoridades. Portanto, a decisão desse juiz isoladamente tem causado um prejuízo muito grande ao direito de defesa dessas pessoas”, destacou.

O presidente da OAB lembrou ainda que no dia do advogado do ano passado, comemorado 11 de agosto, o juiz Julier afastou o presidente da OAB, à época, Francisco Faiad, por um mandado de segurança fora do expediente. “Mas, no dia seguinte o juiz titular da Vara, verificando o absurdo, cassou a decisão de Julier, inclusive, mostrando que aquela medida judicial não tinha nenhum cabimento e o mesmo foi dito pelo TRF. Isso tudo contribui para que exista uma grande descrença em relação a esse juiz que está destoando dos demais magistrados da Justiça Federal e que merecem todo o respeito. É um desserviço a sociedade mato-grossense”, criticou.

Um dos palestrantes da audiência foi o advogado criminalista Ulisses Rabaneda, que apresentou falhas nas operações da PF, como a prisão de mais de 300 pessoas que nem ficaram sete dias presas, uma vez que o Tribunal Regional Federal (TRF) em seguida deferiu habeus corpus. “São reiteradas as decisões do Tribunal nesse sentido”, apontou.

Outro ponto questionado são interceptações telefônicas que, segundo ele, é de absoluta “exceção” e só pode e deve ser utilizada em última instância. “Interceptações só poderão ser feitas quando houver indícios. Mas hoje, em Mato Grosso tem sido o primeiro recurso investigativo utilizado. Isso fere de maneira muito grande a intimidade das pessoas investigadas”, destacou Rabaneda.

O advogado lembrou de operações como a Kayabi e Pacenas na qual a Polícia Federal não chegou a pedir prisão de ninguém, no entanto, os pedidos foram feitos pelo Ministério Público Federal (MPF).

Durante audiência, o presidente da Associação Mato-grossense de Engenheiros Florestais (Amef), Joaquim Paiva de Paula, que também é o segundo vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), apresentou um manifesto onde pede explicações à Justiça Federal. Além disso, apresentou também uma Moção de Repúdio e Agravo dos engenheiros por conta dos profissionais presos durante a Operação Jurupari da Polícia Federal. Representantes do município de Cotriguaçu também fizeram manifesto nesse sentido.

Outro lado
Procurada por Só Notícias, a assessoria do juiz Julier da Silva informou que ele está licenciado para tratar de uma tese de doutorado.

(Atualizada às 16:27h)

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