Em uma conversa telefônica grampeada pela Polícia Federal e divulgada hoje, o empresário Luiz Antonio Trevisan, apontado como principal envolvido nas fraudes para venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras, a partir de emendas de deputados, menciona o deputado Ricarte de Freitas Junior, presidente regional do PTB.
Vedoim conversa com o assessor da AMM (Associação Mato-grossense dos Municípios) José Wagner dos Santos (hoje ambos estão presos em Cuiabá) sobre a licitação de uma ambulância para a prefeitura de Santa Cruz do Xingú. Ele fala a Vedoim para ligar pra o prefeito e “licitar o negócio do deputado Ricarte de Freitas”.
Wagner: “Dá uma ligada pra ele e fala vamos licitar o negócio do Ricarte”
Vedoim:”Pode ficar tranquilo que eu vou ligar para ele agora”.
Em outro trecho da conversa, o assessor da AMM, José Wagner, faz um alerta ao dono da Planam que recebeu informações dando conta que a Polícia Federal estava investigando a Planam, que está sediada em Cuiabá.
Wagner “…É um pessoal do ministério. Tanto é que chamou ele num canto e falou não compra da Planam não porque a Planam a Polícia Federal está quase prendendo eles e tal, e tem uma empresa aqui no Paraná e você compra dessa empresa aqui”.
Vedoim:”hummm”.
Esta é a segunda gravação que a Polícia Federal tem mencionando o deputado Ricarte de Freitas Junior. Primeiro, ele teve seu nome citado pela ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, que está presa, e é apontanda como integrante da quadrilha dentro do ministério. Ele estaria sendo mencionado no caso da destinação de emenda para o município de Luciara. Este fato fez com que Ricarte fosse incluído na lista dos deputados que serão investigados também pela corregedoria da Câmara dos Deputados.
O deputado Welington Fagundes, presidente regional do PL, teve seu nome mencionado, em uma conversa telefônica entre o dono da Planam, Luiz Antônio Vedoim, e um empresário falam sobre pagamento de comissão para o deputado e o prefeito de Juara, Oscar Bezerra (PSDB), a partir da liberação de uma emenda de R$ 365 mil, feita por Welinton que negou, posteriormente, ter feito emenda parlamentar para Juara.
Ronildo: O prefeito de Juara tem 365 lá do Wellington. Você entendeu?
Luiz: Hã…
Ronildo: Só que ele quer 10 e 10 do Wellington, entendeu? E precisa de 10 no dia 30 de janeiro.
Luiz: Quanto?
Ronildo: Dá 36 mil e pouquinho.
Luiz: Mas, pra passar pra que? Pro rapaz aqui, pra ele?
Ronildo: Passar pro prefeito.
Luiz: Mas por quê ele quer isso?
Ronildo: Por quê ele fechou com o Wellington em 20. Tá aqui, ó. Fechou com 20.
A Polícia Federal prendeu 48 pessoas acusadas de envolvimento no esquema de fraudes em licitações de prefeituras em diversos Estados. A maioria é assessores de deputados acusados de receberem propinas da Planam, empresa que ganhava as licitações para venda de ambulâncias superfaturadas, além da Santa Maria, cujos sócios proprietários também estão presos, bem como os ex-deputados Carlos Rodrigues (RJ) e Ronivon Santiago (AC). A ex-assessora do Ministério da Saúde disse que seriam 170 deputados que ganhariam propina da empresa por destinarem emendas parlamentares para as compras de ambulâncias. A Polícia Federal encaminhou listas para a Câmara e 36 deputados não serão investigados – dentre eles 3 mato-grossenses.
Outro lado:
O deputado Welington Fagundes rebateu as denúncias: “Nunca fiz emenda para Juara. Eles negociam afirmando que o prefeito teria dito que passaria o recursos para mim e, em outro momento, afirmam que se fosse para ajudar alguém seria para ajudar outro porque o deputado Welington nem os conhece e nunca os ajudou”, afirmou.
O deputado Ricarte de Freitas Junior também se defende:
“A corregedoria da Câmara dos Deputados tem o dever de dar oportunidade ao menos para o parlamentar (acusado) ser ouvido. O meu nome foi envolvido e eu não tenho absolutamente nada haver com esta gravação”, afirmou. Em nota, Ricarte também rebateu as declarações de Maria da Penha Linho dizendo que nunca falou por telefone com a ex-assessora do Ministério da Saúde, que o telefone informado não corresponde ao seu e que o município de Luciara, a que se refere a conversa gravada, não faz parte de sua base eleitoral. Sobre o caso de Santa Cruz do Xingú ele ainda não se manifestou.