O governo federal pretende ampliar a padronização de dados sobre as atividades econômicas no país. Para tanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou hoje (5) a nova versão da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae).
Segundo a consultora do IBGE em assuntos de classificação, Madalena Góes, a nova versão, que substituiu a publicada 1994, foi elaborada para acompanhar as mudanças no cenário produtivo no país, como a expansão das atividades ligadas à tecnologia da informação e comunicação.
“Mudou muito a abordagem do setor de informação e comunicação, pois são áreas que mudaram completamente, não só no nível tecnológico como na forma de organização. Nesse segmento estão todas as atividades em que o conteúdo da informação é gerado e transmitido: edição da informação, telecomunicações, informática, televisão e rádio. Em 2006, elas se davam separadamente, hoje são atividades que estão absolutamente relacionadas”.
Segundo ela, houve mudanças também nos setores de meio ambiente e serviços. “Uma grande categoria agregou atividades ao meio ambiente, ao ciclo da água e do tratamento de resíduos, atividades que hoje também ganharam um peso muito grande”.
Outra diferença, acrescentou Góes, é que as atividades de serviços estão mais detalhadas. “Foi justamente nesse campo que a organização econômica evoluiu muito. Hoje a diversidade de serviços é muito grande, e isso precisa ser especificado para que as estatísticas dêem visibilidade a essas atividades”.
A nova classificação está disponível desde janeiro e vem sendo implementada gradativamente.
A Cnae foi criada para uniformizar códigos de identificação das unidades produtivas (empresas e autônomos) nos cadastros e os registros da administração pública nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal), em especial na área tributária.
O instrumento de apoio à gestão de informações, que segue padrões de classificação definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Classificación Industrial Internacional Uniforme, é resultado de mais de 13 anos de trabalho, envolvendo 15 ministérios e várias entidades nas três esferas de governo.
Segundo dados da Comissão Nacional de Classificação (Concla), vinculada à Receita Federal, todos os estados brasileiros adotaram a Cnae em seus cadastros tributários, mas entre os municípios, somente 30 em todo o país utilizam a classificação.
“A idéia é que os municípios migrem progressivamente. Esse movimento de adoção da Cnae deve ser ampliado”, disse Góes, ao destacar a importância da padronização dos dados e cadastros para a estabelecer uma linguagem unificada na administração pública.
Segundo ela, ao nível municipal, vários órgãos reguladores de atividades econômicas, como os ligados ao uso do solo e à vigilância sanitária, podem usar a classificação para melhorar a atuação global da gestão pública.
O lançamento ocorreu no 2º Seminário Cnae, aberto nesta segunda-feira em Curitiba (PR). O encontro termina quarta-feira (7) e reúne representantes das três esferas de governo, além de participantes de outros países e da ONU.