Os senadores vão se mobilizar para viabilizar a aprovação de decreto da Katia Abreu (GO) prevendo anulação de determinados pontos da decisão do governo acabando com embargos em propriedades em cidades de Mato Grosso, Pará e Rondônia. Eles admitiram hoje, em Sinop, durante audiência pública, que trabalharão até para trancar a pauta de votações enquanto persistirem as restrições ao setor agrícola e suspender a operação Arco de Fogo que foi feita baseada nos dados do INPE que apontou aumento nos desmates e, recentemente, admitiu erros.
Lideranças do setor produtivo pediram, na audiência pública da Comissão Especial de Riscos Ambientais do Senado, que seja criada a CPI do Ibama e suspensa a operação Arco de Fogo no setor madeireiro e agrícola. Centenas de pessoas acompanham as manifestações, no Rancho do Criador, na Acrinorte, onde estão os senadores Jaime Campos, Gilberto Goellner, Flexa Ribeiro (PA), Expedito Junior (RO) e Leomar Quintanilha (TO), lideranças estaduais e regionais. As lideranças condenam o fato de policiais armados com metralhadoras acompanharem fiscais do Ibama para medirem toras nos pátios de madeireiras e conferirem documentos.
Em seu discurso, o presidente do Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte), José Eduardo Pinto, pediu a suspensão da Operação da Arco de Fogo porque o setor madeireiro não é responsável pela devastação ambiental. Ele apontou as que as indústrias dependem das florestas e delas só retiram as árvores próprias para serem beneficiadas. “Se a operação tem por objeto combater o desmatamento por que vistoriar os planos de manejo que são a salvação da floresta ?”, questionou. Eduardo voltou a defender a CPI do Ibama e apresentou abaixo-assinado com centenas de assinaturas, para apurar onde está sendo investidos recursos que madeireiros pagam para reflorestamento.
O presidente da Famato (Federação da Agricultura de Mato Grosso), Rui Prado, entregou documento com 5 reivindicações: suspensão da Arco de Fogo, suspensão dos embargos em fazendas em 19 cidades do Nortão ( onde o Inpe apontou aumento nos desmates) fim das restrições de créditos para propriedades em Mato Grosso, criação de instrumentos para implantação e ampliação de reservas indígenas evitando que a Funai faça criações de reservas aletoriamente. “Existe autoridades sentadas no ar-condicionado causando transtornos e afetando toda a economia do Estado que ainda é primária. Nenhum quilo do que foi produzido aqui foi jogado fora. Tudo foi consumido”, discursou, para os senadores.
O senador Jaime Campos, presidente da comissão, disse, na abertura da audiência, que “não podemos ser tratados como bandidos e serem gastos R$ 180 milhões com esta operação. Mesmo sendo multado pelo Ibama (que fiscalizou sua fazenda em Alta Floresta) não vou me calar”.
O senador Expedito Junior (RO) sugeriu conversar com líderes do Senado para possivelmente trancar a pauta de votações no Senado (onde a oposição tem maior expressão) até que ocorra uma solução consensual entre governo e o setor produtivo.
“Não podemos ficar de quatro para a Presidência da República. Eles não querem negociar”, disparou.
O senador Leomar Quintanilha (TO) repudiu a forma com que a região vem sendo tratada pelo governo federal. “Empresários e agricultores estão buscando cumprir as regras e a legislação, mas nada é considerado”, constatou. “A Arco de Fogo tem provocado muitos transtornos onde é realizada”, criticou. “Se preciso, serei favorável a trancar a pauta”, declarou, repudiando o uso de força policial para fiscalizar o setor empresarial.
O senador Flexa Ribeiro (PA) disse que o caminho mais rápido para coibir os abusos da Arco de Fogo é trancar a pauta de votações no Senado. “Temos que parar com ações teatrais e midiáticas com a Arco de Fogo, mas investir este dinheiro trazendo engenheiros e técnicos para ajudar as secretarias estaduais e preservarem o meio ambiente”, disse.
O mato-grossense Gilberto Goelner atacou os dados do INPE, sobe aumento dos desmatamentos em Mato Grosso, ano passado, que serviram de base para desencadear a Arco de Fogo. Posteriormente, foi admitido erro em 40% dos dados.
O prefeito de Sinop, Nilson Leitão, criticou o Ibama a quem responsabilizou por todos os problemas ambientais pois nunca investiu em reflorestamento e preservação ambiental. “A região Norte não suporta mais tanta pancada. Nos últimos anos, foram 4 operações”.
Os prefeitos Dilceu Rossato (Sorriso, Manuel Salles (Feliz Natal), Rudimar Camassola (Santa Carmem), Altamir Kurten (Claudia), José Nilton dos Santos (Vera), Levino Heller (Itaúba) o vice-governador Silval Barbosa, o presidente da Assembléia, Sergio Ricardo, vereadores e dirigentes de sindicatos e associações (Sindusmad, Sindicato Rural, Acrinorte) também participaram da audiência. A comissão de senadores também fez audiência pública em Alta Floresta tratando do mesmo assunto.
(Atualizada às 20:03hs)
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