Medidas para coibir a ação abusiva da força policial em municípios alvo da operação Arco de Fogo foram cobradas por entidades do setor de base florestal em Alta Floresta e Sinop e devem ser anunciadas, em breve, pela comissão externa de riscos ambientais do Senado. O relatório final será apresentado nos próximos meses, mas o presidente da comissão, senador Jaime Campos (DEM), adiantou, agora há pouco, em Sinop, que pode ser pedida a suspensão da operação. Ele e os senadores Flexa Ribeiro (PA), Expedito Junior (RO) e Leomar Quintanilha (TO) já ouviram relatos das ações e supostos abusos de fiscais e policiais e conheceram atividades de duas madeireiras.
Jaime criticou a “desnecessária atuação” de agentes da Força Nacional e Polícia Federal nesta operação. “Acho que a Força Nacional e a Polícia Federal têm papel muito mais importante, e podemos encaminhar os recursos que foram destinados para esta operação para que possam trabalhar na fronteira contra contrabandistas e traficantes”, destacou. O senador chegou a tipificar como uma “piroctenia” a ação. “Temos que trabalhar com saídas inteligentes, nunca perder de vista a preservação, mas compatibilizando com aprodução”, complementou.
Campos também declarou que a comissão deve convocar o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, para explicar os dados sobre desmatamento na Amazônia, em que 19 municípios mato-grossenses estão entre os maiores devastadores. Ele adiantou que pode ser feita acareação com o governador Blairo Maggi, que contesta os números e apresentou levantamento feito pela Sema, nos locais onde o Inpe apontou aumento nos desmates, dizendo que 40% dos dados estão errados. “Já podemos constatar in loco que as informações do Deter não retratam a verdade, e essa comissão tem detectado com clara evidência isso na região Norte”, acrescentou.
“Não podemos concordar pessoas que não tem compromisso com 23 milhões de brasileiros que moram na região Amazônica conseguem, de uma forma incompetente, plantar uma campanha que Mato Grosso, Pará e Rondônia são Estados devastadores”, concluiu.
O senador paraense Flexa Ribeiro (PSDB), relator da comissão, manifestou, ao Só Notícias, mesmo posicionamento. “Pode ver no Pará, Rondônia, se repete a reclamação da forma truculenta da força policial, de forma desnecessária. Não somos contra a fiscalização por parte dos órgãos federais, mas achamos desnecessária que esta seja acompanhada de força policial, até porque outros setores da economia são fiscalizados sem que haja necessidade de força”, justificou.
Ele também confirmou a investigação do destino dos recursos repassados por madeireiros ao Ibama, anos atrás, e que deveria ser destinado a reflorestamento. “Era obrigação governamental o reflorestamento, e esse recurso nunca foi utilizado. Então vamos saber quanto e aonde está este recurso para que já usemos em relação a necessidade de se fazer reflorestamento”, defendeu.
Os dois também criticaram a ação de integrantes da Força Nacional, denunciados pela agressão contra dois jovens, em Alta Floresta, no último final de semana. “Isso é inconcebível. A Força Nacional foi fazer um trabalho de cobertura para o Ibama, e todavia passou dos limites”, ressaltou Jaime Campos. “Isso revoltou a população e aumentou o clima de tensão da cidade”, completou Flexa Ribeiro.
Antes da audiência pública em Sinop, senadores assistiram, na prefeitura, imagens da ação de fiscais e Ibama. O vice-governador Silval Barbosa, o presidente da Assembléia, Sergio Ricardo, deputados, prefeitos e presidentes de sindicatos e associações estarão debatendo as consequências econômicas na região desta operação.
Novo Ministro
O senador Jaime Campos também criticou as declarações do novo ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, de que vai adotar a mesma política de Marina Silva, antes mesmo de conhecer a região Norte. “Já entrou falando besteira. Tem que primeiro conhecer realidade dos fatos. Até mesmo porque declarou que conhece o Rio de Janeiro e não a nossa região. Ele (ministro) tem que ter muita precaução. A ministra Marina Silva perdeu a habilidade suficiente junto com os demais ministros, e isso nos dá garantia que sua política não estava correta”, detalhou.
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