Uma tarde, o governador Blairo Maggi se encontrou com um velho militante peemedebista a quem proferiu a seguinte afirmação: “O PMDB é o partido dos meus sonhos. Militei nele quando era estudante”. A possibilidade de voltar a ser um peemedebista – um partido estruturado em todo Estado e com disposição no tempo de TV – fomentou o sonho do governador. E ainda fomenta, conforme ele mesmo admite. E é só o que o PMDB pode oferecer. Na outra ponta – quase que numa espécie de água e óleo – está o PFL. Este, nunca foi partido de sonho do governador. Porém, é o que mais se enquadra ao princípio pragmático de Maggi fazer política.
Quando se elegeu governador, Maggi mostrou que é essencialmente agudo nesse aspecto. Sem o jogo de cintura que caracteriza as lideranças, o governador se mostrou ousado. Sem perder tempo, foi a Brasília e costurou um acordo com o presidente Lula para 2006. Fechado: o PT em Mato Grosso iria apoiar Maggi ao Governo e Maggi apoiaria Lula. O que Maggi buscava com isso era óbvio: sufocar na cúpula e no laço mais forte do partido um adversário: a então eleita senadora Serys.
A situação, no entanto, se inverteu drasticamente. PT é hoje quase sinônimo de palavrão entre os eleitores. Meia dúzia de diálogo da para extrair o quanto o partido causou decepção aos que acreditavam que o operariado chegaria ao poder. Quanto mais distante do PT hoje, melhor. Não bastasse os escândalos em Brasília, o partido ainda foi ferido por aqui com o episódio do Ibama, cujo superintendente é acusado de estar envolvido em uma quadrilha que vinha cobrando propina para liberar desmatamento e falsificar guias florestais. Não é pouco!
Ao admitir que o PFL é uma opção, Maggi acaba não conseguindo esconder o princípio flagrante de fazer política “eliminando barreiras”. Com o PT ferido e desgastado, o PSDB se transformou no grande adversário do momento. Tucanos e pefelistas estão praticamente juntos no cenário de oposição ao PT. Maggi, novamente, segue para a raiz e “sufoca” eventuais candidaturas tucanas.O governador sabe quanto o seu apoio é importante para quem quer chegar a presidente da República. Geraldo Alckmin, do PSDB, que o diga, mesmo sabendo que o governador não dispõe agora do “punch” da crítica internacional por causa da onda de desmatamento, que provocou o levante ambientalista mundial.
Estar no PFL, portanto, é eliminar candidaturas adversárias fortes. Mas esse caminho têm também seus espinhos. Nessa tese, a fotografia do palanque seria pouco compreendida pelos eleitores de memória mais efetiva – que seria refrescada claramente pela propaganda eleitoral. Lado a lado, estariam Blairo Maggi, Antero de Barros, Dante de Oliveira, Roberto França, entre outros, que disputaram de forma até hostil uma eleição ocorrida há quatro anos. É um risco.
Sobre esse assunto, em verdade, o ex-governador Dante de Oliveira evita se manifestar. “Não sei de nada sobre o PFL, sobre Maggi no PFL, de nada. Estamos cuidando do PSDB” – insistiu, ao ser questionado sobre a possível aliança e a formação do palanque para 2006. “Cada hora ele fala uma coisa” – acrescentou o político, que ainda dirige a sigla tucana em Mato Grosso.
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No PFL, Blairo Maggi atrai o PSDB e busca eliminar adversário
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