Em pronunciamento oficial hoje à noite em rádio e TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá adotar um tom mais sereno do que o de discurso feito na última segunda-feira, quando atacou a oposição, dizendo que ela estava preocupada com sua eventual reeleição.
A crítica foi considerada por PSDB e PFL uma atitude a la “Hugo Chávez”. Lula deverá fugir, por exemplo, da tese de “conspiração de elites” contra o governo, abraçada pelo PT nos últimos dias. Falará que foi eleito com a missão de fazer o país crescer, num movimento calculado para enfatizar que não deixará a economia ser afetada pela crise política.
O presidente elogiará o Congresso e a imprensa, os quais costuma criticar em conversas reservadas. Dirá, por exemplo, que “feliz o país” que tem uma mídia que fiscaliza o poder público, porque isso ajuda o governo a descobrir e a combater casos de corrupção.
Nos dez minutos do pronunciamento, dirá que é o maior interessado no esclarecimento das denúncias contra o governo e que o combate à corrupção foi uma de suas principais preocupações desde que tomou posse, em 1º de janeiro de 2003.
Segundo dirigentes petistas no Congresso que tiveram conhecimento do pronunciamento, gravado nesta manhã, Lula dirá que a Polícia Federal nunca investigou tanto e prendeu tanta gente graúda como tem feito em seus quase dois anos e meio de governo. Repetirá que deseja que as investigações sobre a CPI dos Correios e do “mensalão” avancem e punam quem tiver de ser punido.
O pronunciamento faz parte de uma série de medidas de combate à crise política, que recrudesceu desde que o presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson (RJ), deu duas entrevistas à Folha nas quais poupou Lula e bombardeou pesadamente a cúpula do PT, derrubando José Dirceu da Casa Civil.