O Ministério Público Federal teria pedido o afastamento preventivo do juiz federal Julier Sebastião da Silva (foto) de suas atividades de titular na 1ª Vara Federal em Mato Grosso. O pedido foi formalizado pelo procurador federal José Elaeres Marques Teixeira que ainda teria solicitado a abertura de procedimento administrativo disciplinar contra o magistrado.
Julier Sebastião da Silva por sua vez desconsiderou o pedido do MPF reafirmando que o mesmo é anterior à Operação Ararath e que estaria sobrestado por não ter materialidade, prova dos fatos apontados. Novamente o juiz federal que flertava com a possibilidade de deixar a magistratura para ingressar na carreira política, se negou a pontuar se via uma correlação política eleitoral nas denuncias que estavam sofrendo. “As investigações são sobre uma suposta sentença que ofertei em ação de interesse da Encomind Construção, Indústria e Comércio Ltda e que foi uma decisão parcial”.
Segundo o parecer do procurador federal, haveria elementos suficientes de que o juiz atendeu a interesses do grupo em processos sob sua presidência, pois com isso teria desvirtuado intrinsecamente a função jurisdicional, repetindo que não apenas o juiz seria próximo dos investigados franqueando sua residência para encontros do grupo, mas também teria orientado a empresa.
Rodolfo Campos então diretor e sócio-proprietário da Encomind, hoje assumida pela construtora Guaxe de Tangará da Serra foi apresentado ao magistrado federal, pelo hoje senador Pedro Taques (PDT) que também aparece nas gravações da Operação Ararath como sendo amigo do empresário com quem admite ter tratado de questões de interesse da política empresarial. Taques foi durante anos membro do Ministério Público Federal e atuou em conjunto com Julier Sebastião da Silva em 2002 na deflagração da Operação Arca de Noé que desarticulou o bicheiro João Arcanjo Ribeiro e Ararath foi o monte avistado por Noé após o dilúvio.
O procurador frisa que o juiz federal teria quebrado a Lei Orgânica da Magistratura, que determina que os magistrados devem “cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de oficio e manter conduta irrepreensível na vida pública e particular‘. Além disto, o MPF solicita uma profunda análise em todos processos da Encomind que tramitam na Justiça Federal em Mato Grosso.
Ele pede ainda que Rodolfo de Campos, Mário Mansur e Tiago Dorileo e ainda advogada Maria Luíza Cardoso de Campos, sejam ouvidos. José Elaeres Marques Teixeira afirma em seu pedido ser possível a conexão de provas entre os processos administrativo e penal, que corre em três esferas jurídicas – Justiça Federal, Tribunal Regional e Superior Tribunal de Justiça.