O ministro da Agricultura, Neri Geller, pediu, esta manhã, aos parlamentares que formem uma comissão para ir a Mato Grosso verificar a condição de assentamentos e as denúncias de venda ilegal de lotes da reforma agrária. Apesar de ter sido acusado de participar do esquema, alvo da Operação Terra Prometida, da Polícia Federal, Geller repetiu várias vezes que não está sendo investigado. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural sobre a decisão de transferir o controle de vacinas de febre aftosa do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) do Rio Grande do Sul para o de Minas Gerais e se pronunciou sobre a investigação da venda de terras da reforma agrária para fazendeiros e empresários.
“O Ministério Público e a Polícia Federal podem me investigar nesse caso. Agora, não é justo. São denúncias anônimas, eu fui citado de forma muito vaga. Posso ser investigado, mas não quero ser achincalhado e não vou ser. Eu não sou [corrupto]. Por isso, estou pedindo: façam uma comissão, convoquem a Polícia Federal, vão lá ao assentamento. É importante, o Congresso tem que fazer isso. Não é justo, não é certo”, disse em reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.
O ministro também defendeu os irmãos Milton e Odair Geller, presos preventivamente na última sexta-feira (28) na operação da PF, suspeitos de participar do esquema. Segundo ele, Milton, que foi prefeito de Tapurah, mora em Nova Mutum, em apartamento alugado. O outro irmão seria sócio, junto com a esposa, do Grupo Geller, uma indústria de pré-moldados.
“Eu, como ministro, saio na mídia como quadrilheiro, como líder de um grupo organizado. Afirmo categoricamente para cada um de vocês: eu nunca tive um lote. Tenho um irmão mais velho que mora no assentamento. Minha mãe tem uma casa humilde lá, são 11 irmãos. Me orgulho da minha família.”
Solidariedade
Diversos deputados saíram em defesa do ministro, manifestando solidariedade. Os parlamentares disseram que a culpa pelo problema seria do Incra, que não legalizou as terras que agora são utilizadas por produtores rurais.
O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) afirmou que, no Brasil, pelo menos 70% dos proprietários originais de lotes da reforma agrária já abandonaram a terra. “A culpa agora é desses brasileiros que estão lá e que pagam impostos? De repente, todos são presos porque estão dizendo que há um grande tráfico de influência, compra de terras ilegais. Ilegais por quê? Porque o Incra não legaliza. De repente, vira notícia nacional porque envolveu um sobrenome”, disse Leitão.
O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) ligou o fato ao anúncio da nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, no lugar de Geller. “Logo agora, quando surge o nome da futura ministra, é que colocam seu nome na revista. Não parece uma casualidade?”, questionou.