O ex-secretário de Estado da Casa Civil na gestão Silval Barbosa (PMDB), Pedro Jamil Nadaf, firmou acordo de delação premiada junto ao Ministério Público Federal, o que foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. A informação foi confirmada pela juíza da 7ª Vara Criminal, Selma Arruda, no início da audiência de instrução referente à 4ª fase da operação Sodoma, esta tarde. Ela adiantou ainda que Nadaf será ouvido na audiência de instrução desta terça-feira.
A magistrada, no entanto, não deu mais detalhes sobre a delação porque a mesma foi colocada sob segredo de justiça. Diante disso, existe expectativa de que com a delação de Nadaf e outros alvos da Operação Sodoma que vierem a fazer acordo de colaboração, possam resultar em operações da Polícia Federal contra autoridades com foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
A reportagem entrou em contato com o advogado de Nadaf, William Khalil, que confirmou a veracidade do acordo, que foi homologado entre abril e maio deste ano. Há alguns meses, isso já era especulado pela imprensa regional e nacional, mas veementemente negado pela defesa.
Khalil também confirmou que as declarações prestadas pelo ex-secretário à Procuradoria da República em Mato Grosso envolvem pessoas com foro privilegiado. Questionado sobre o paradeiro de Nadaf, o advogado afirmou que vai preservar a intimidade de seu cliente.
Pedro Nadaf é réu em diversos processos decorrentes das operações Sodoma e Sevem, deflagradas, respectivamente, pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) e pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e que apuram crimes de corrupção, desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro durante a estão do ex-governador Silval Barbosa, entre 2011 e 2014.
Na primeira fase da Sodoma, por exemplo, ele é acusado e já confessou ter cobrado propina de R$ 2,25 milhões do empresário João Batista Rosa, dono da Tractor Parts, em troca de incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Econômico, Industrial e Comercial (Prodeic). Ele também confessou ter participado dos esquemas de desvios nas desapropriações de parte do Parque Estadual Águas do Rio Cuiabá, na região do Manso, e do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
Segundo ele, as falcatruas tinham sempre o motivo de angariar valores para quitar dívidas de campanha do ex-governador Silval Barbosa, que também está solto e tem confissão programada para a próxima quarta-feira (5).
Nadaf foi preso em 15 de setembro de 2015, na primeira fase da operação Sodoma e foi solto 10 dias antes de completar 1 ano preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) e na base do Serviço de Operações Especiais (SOE) , após passar a confessar seus crimes diante da juíza Selma Arruda.