O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou que apenas a Polícia Federal poderá comprovar a existência ou não de cobrança de propina em troca de contratos de obras no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). De acordo com informações da coluna “Painel” da Folha de São Paulo, ele disse que este assunto não é possível de ser detectado por meio de auditoria, que é o trabalho realizado pelo órgão comandado por Hage.
Ainda, segundo a coluna, Hage declarou que “vislumbra campo fértil de trabalho, pois irregularidades estariam ‘no DNA do Dnit”, como superfaturamento, licitações direcionadas e serviços malfeitos e pagos”. Hage afirmou que constantemente recebia críticas, por fazer seu trabalho de auditoria, por parte de Luiz Antônio Pagot, diretor-geral afastado do comando do Dnit pela presidente da República, Dilma Rousseff (PT). “Ele sempre reclamou. Chegava a dizer que não tinha tempo de cuidar de outra coisa que não responder à CGU”, declarou Hage.
Conforme Só Notícias já informou, além de Pagot foram afastados o presidente da estatal Valec, José Francisco, o “Juquinha”, o chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa, e o assessor do Ministério dos Transportes, Luiz Tito. Em nota, Nascimento confirmou o afastamento dos citados, mas negou qualquer tipo de irregularidade.
Pagot negou a participação em esquema de cobrança de propina no órgão em troca de contratos de obras. Ele classificou as informações publicadas na revista Veja como falsas e injustas. O diretor afastado deve conversar hoje com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, único mantido no cargo até o momento pela presidente Dilma Rousseff, para definir sua situação e que não descarta pedir demissão.
A Veja informa que, na semana passada, Dilma teve uma reunião dura com o ministro Alfredo Nascimento, Luiz Pagot e demais integrantes da cúpula do ministério. Informa que, com planilhas e documentos sobre a mesa, Dilma elevou o tom no encontro com representantes da pasta. “O Ministério dos Transportes está descontrolado”. A presidente chamou de “abusiva”, por exemplo, a elevação do orçamento de obras em ferrovias, que passou de R$ 11,9 bilhões, em março de 2010, para R$ 16,4 bilhões neste mês – salto de 38% em pouco mais de um ano. Dilma também se irritou em especial com a Valec, estatal que cuida da malha ferroviária, e com o Dnit, responsável pelas rodovias.
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