O Ministério Público Federal (MPF) vai pedir que seja feita uma verdadeira faxina dentro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a partir da auditoria realizada por uma equipe de Brasília. A informação é do procurador Mário Lúcio Avelar, que hoje à tarde se reúne pela primeira vez com o grupo, na sede do MPF, quando serão discutidos os principais pontos a serem investigados e a forma como se dará o andamento da varredura no Incra de Mato Grosso.
Os processos de compra, venda e desapropriação de terras públicas e privadas, assim como georreferenciamento, estão parados até que não restem dúvidas sobre a existência de irregularidades. O novo superintendente regional, José Vasconcelos Figuerêdo, disse não ter previsão de quando os processos serão retomados, já que a auditoria deve demorar muito tempo, podendo chegar ou passar de um ano. A expectativa é de que a equipe de auditores de início ao trabalho de investigação a partir da próxima segunda-feira (12).
Responsável pela investigação que levou em dezembro 14 pessoas para a cadeia, sendo 9 servidores do Incra, Mário Lúcio Avelar disse que a abertura de sindicância para apurar responsabilidades e envolvimentos é essencial. “Se isso não for feito, será omissão e irresponsabilidade, já que as denúncias envolvem mais de 35 pessoas”, avaliou, lembrando de outras operações anteriores da Polícia Federal, como a Dupla Face e a Terra Fria, que já haviam apontado fraudes ocorridas no órgão federal no estado e prendido servidores.
Entre os envolvidos citados na última operação está o ex-superintendente João Bosco de Morais, exonerado no mesmo dia, além dos dois procuradores Antônio Reginaldo Galdino Delgado e Anildo Braz do Rosário. O grupo foi acusado de participar de uma quadrilha que falsificava documentos de áreas, transferindo-as para devolutas da União ou Estado, beneficiando supostos proprietários com indenizações milionárias sob o pretexto de promover assentamentos.
No início da semana, o superintendente garantiu que, embora os suspeitos tenha sido liberados pela Justiça Federal, não terão acesso a nada que for apurado durante a auditoria. Segundo ele, os técnicos vão trabalhar em uma sala separada e em contato direto com o MPF e a Polícia Federal. Atualmente, todos os citados estão em férias.