O Ministério Público do Estado acaba de confirmar que encaminhou denúncia criminal relativa às Operações Bereré e Bônus – desvios de recursos do Detran e pagamento de propinas – contra 58 pessoas. São sete deputados estaduais – o presidente Eduardo Botelho, Mauro Luiz Savi (que está preso há uma semana), José Domingos Fraga Filho, Wilson Pereira dos Santos, Baiano Filho, Ondanir Bortolini (Nininho) e Romoaldo Aloisio Boraczynski Júnior. Também foram denunciados o ex-governador Silval Barbosa, o chefe de gabinete Silvio Correa, o ex-deputado federal, Pedro Henry, o ex-secretário de Estado Paulo Taques e o ex-chefe de autarquia Teodoro Lopes, o Doia.
A organização, conforme o MPE, era composta por três núcleos: liderança (Mauro Savi, José Eduardo Botelho, Silval da Cunha Barbosa, Pedro Henry, Teodoro Moreira Lopes e Paulo Cesar Zamar Taques, cada um em épocas diferentes) e os de operação e subalterno.
O grupo inclui, ainda, parentes dos gestores denunciados e empresários. Além de responderem por constituição de organização criminosa, aos denunciados foram imputados os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação. Na denúncia, foram apresentados 37 fatos ocorridos entre os anos de 2009 a 2016.
De acordo com o MPE, "os fatos vieram à tona a partir de colaborações premiadas com o ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Teodoro Moreira Lopes, vulgo “Doia”, indicação do deputado estadual Mauro Luiz Savi; e com os sócios proprietários da empresa FDL, atualmente EIG Mercados. O esquema girou em torno da contratação da empresa responsável pela execução das atividades de registros junto ao Detran dos contratos de financiamentos de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil e de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor. Na ocasião, para obter êxito na contratação, a empresa se comprometeu a repassar parte dos valores recebidos com os contratos para pagamento de campanhas eleitorais".
O Núcleo de Ações de Competência Originária (NACO- Criminal) e Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público aponta que, inicialmente, Silval e Savi teriam recebido, cada um, R$ 750 mil. "Com a continuidade das fraudes, mais propinas foram repassadas e outras beneficiadas. Estima-se, que foram pagos cerca de R$ 30 milhões em propinas. A denúncia aponta para três vertentes diversas de análises: movimentações bancárias entre os denunciados, entre denunciados com terceiros, apenas entre terceiros e entre os denunciados e servidores da Assembleia Legislativa. Todas as transações foram comprovadas na denúncia".
Na denúncia, os promotores de justiça informam ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso que inquéritos complementares já foram instaurados para apurar o envolvimento de outras pessoas e de outros fatos criminosos.
Na lista dos denunciados também estão Jose Kobori e Roque Anildo Reinheimer -presos semana passada- e Antonio da Cunha Barbosa Filho (irmão de Silval) informa o MP.
Deputados e demais políticos denunciados pelo Ministério Público