Os novos números sobre o desmatamento na Amazônia, que devem ser divulgados na segunda-feira, vão apontar um crescimento da derrubada de árvores na região, concentrado principalmente no Estado de Mato Grosso, informou nesta quarta-feira o recém-indicado ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Minc adiantou que os dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) confirmam a continuidade do desmatamento. “Na próxima segunda-feira o Inpe vai divulgar uma nova estatística de desmatamento de terra. Vai ser um dado ruim, vai ser um dado de aumento, e para variar mais de 60 por cento em qual Estado? Quem sabe? Mato Grosso”, disse Minc, um dia depois de o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, ter afirmado que não cederia policiais do Estado para a formação da Força Nacional Florestal, proposta por Minc.
“A partir de agora o Blairo não deve brigar comigo, deve brigar com o presidente Lula, que já bateu o martelo (para a criação da Força Nacional Florestal)”, acrescentou Minc em entrevista coletiva na qual apresentou Marilene Ramos como sua sucessora na Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro.
O último levantamento do Inpe, divulgado em janeiro, revelou um crescimento no ritmo de destruição da Amazônia nos últimos cinco meses de 2007, pouco após o governo ter comemorado avanços da preservação da floresta. O desmatamento subiu de 234 quilômetros quadrados em agosto de 2007 para 948 quilômetros quadrados em dezembro. Segundo o governo, a cifra é quatro vezes superior à do mesmo período de 2004.
Dezenove municípios do Mato Grosso estavam no grupo dos 36 que mais desmataram na segunda metade do ano passado.
Minc prometeu encontrar formas de dialogar com os plantadores de soja da região, que são apontados por ambientalistas como responsáveis por parte do desmatamento da floresta.
“Vamos ter dois caminhos para conversar bem com o agronegócio. O zoneamento econômico-ecológico – o setor mais avançado do agronegócio quer o zoneamento – e o outro é tratar diferentemente os setores mais avançados e o setor atrasadíssimo, que está convertendo a Amazônia em pasto. Tira árvore, põe o gado e depois planta sua sojinha por aqui e por ali”, afirmou Minc, que antes de ser confirmado ministro declarou que Maggi plantaria soja até nos andes.
O novo ministro, que prometeu não trocar o tradicional colete por terno e gravata em Brasília, anunciou ainda um projeto de compensação energética, que será sancionado pelo governador Sérgio Cabral nas próximas semanas e já teria sido aprovado pelo presidente Lula no encontro desta semana com Minc.
Para uma determinada quantidade de energia proveniente de matriz fóssil, a indústria seria responsável por arcar com uma geração de energia renovável, de acordo com o ministro.
“O presidente adorou a idéia. O objetivo não é inviabilizar os projetos, as energias alternativas são geralmente mais caras. Se você errar a mão, não dá certo”, afirmou Minc, que toma posse na terça-feira.
Minc também se declarou contrário à geração de energia nuclear, mas reconheceu que, sendo do governo, “não sou uma pessoa que acha que deva impor ao presidente e a todos os ministros todas as minhas posições.”