Diante do risco de a CPI dos Correios acabar sem um documento conclusivo, o PT e a oposição fecharam na noite de ontem um acordo para negociar alterações pontuais no texto do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Os petistas desistiriam de derrubar o relatório original da comissão e votar um paralelo.
“Existe uma linha estrutural que é imodificável. Tenho problemas em relação ao mensalão e à Visanet. Vou resistir até o limite e se for o caso vamos para o voto”, disse Serraglio.
A votação do relatório está prevista para hoje -o prazo da CPI acaba na segunda.
O relatório paralelo apresentado pelo PT afirma que os repasses feitos a deputados da base aliada eram caixa dois, e não compra de apoio parlamentar.
Os petistas também afirmam que não há provas de que dinheiro do Banco do Brasil, por meio do fundo Visanet, abasteceu o valerioduto.
Para facilitar o entendimento, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), mudou a interpretação do regimento que estava sendo adotada.
Agora serão acatados destaques para mudar ou suprimir trechos do relatório. Antes só estavam sendo admitidos votos em separado, que exigem a rejeição do texto original.
“A temperatura subiu muito. O sentimento majoritário é que, se os dois lados continuassem nesse clima, não seria votado nada. A CPI ficaria sem relatório”, disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC).
“O PT já mostrou sua interpretação dos fatos”, disse o deputado Maurício Rands (PT-PE).
A oposição aceita rever os pedidos de indiciamento dos ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Secom), cujos casos seriam encaminhados para o Ministério Público para o aprofundamento das investigações.
Se os partidos conseguirem modificar o texto de Serraglio para algo próximo do consenso, pontos como a existência do mensalão e seu abastecimento com dinheiro público seriam votados separadamente na forma de destaques.
Com isso, hoje deve ser votado o relatório de Serraglio, e os destaques seriam apreciados amanhã.
A construção do acordo foi feita numa reunião a portas fechadas entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Delcídio, Serraglio, os sub-relatores e outros integrantes da CPI.
Os fiadores do entendimento foram Mercadante e Renan. A avaliação do líder do governo e de setores do Planalto é que a derrubada do relatório traria um desgaste maior do que a manutenção do texto com alterações pontuais. Já Renan estava preocupado com a imagem do Congresso.
Foi montada uma comissão para tentar dar nova redação aos pontos de divergência. Entre os nós está o fundo de pensão Prece.
Os governistas haviam garantido o voto do deputado Carlos Willian (PSC-MG), aliado de Anthony Garotinho, ao retirar do relatório paralelo as supostas irregularidades nessa entidade.