A Polícia Militar abriu sindicância para investigação das denúncias de corrupção após à prisão do vereador de Cuiabá, Ralf Leite, ocorrida na última sexta-feira (6), flagrado em companhia de um adolescente de 17 anos, que é travesti, em Várzea Grande. O procedimento tem como coordenador de ações, o tenente-coronel Wilson Batista, comandante regional adjunto do CRII. O procedimento tem prazo de 15 dias para ser concluído.
Nesta semana, o adolescente encontrado com o vereador dentro de um veículo na região do Jardim Potiguar, foi ouvido no Fórum de Poconé onde ele reside. A oitiva do rapaz foi realizada ainda na presença de um representante de Conselho Tutelar, de sua mãe e o promotor Rinaldo Ribeiro de Almeida. A assessoria da PM relata que o jovem confirmou que foi contratado para manter um programa sexual com o referido vereador e que recebeu a quantia de R$ 30 pelo trabalho. Ratificou que presenciou a abordagem policial e, que em momento algum, se afastou do local sendo testemunha de todo procedimento de abordagem e nega a informação de que os militares tenham solicitado o pagamento de propina. Cita ainda que presenciou o desacato sofrido pelos dois soldados que atendiam a ocorrência. Declarou que os soldados solicitaram que ambos descessem do carro e, que o vereador, ajeitasse suas vestes e pediu a documentação de ambos.
O tenente-coronel Batista informou ainda que a Polícia Militar de Mato Grosso não recebeu nenhum comunicado oficial por parte do vereador e, nem da Câmara Municipal de Cuiabá, solicitando a abertura de procedimento investigatório, mas diante das informações veiculadas pela imprensa, a PM passou a apurar a denúncia sobre o suposto pedido de pagamento de R$ 600.
Hoje, os dois policiais prestaram depoimento à sindicância na sede do 4º Batalhão da Polícia Militar. O procedimento foi acompanhado pelo representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT), José Arnaldo da Silva Barreto, que atua junto à coordenadoria de Movimento de Combate à Corrupção da Ordem, juntamente com a advogada Ana Maria Patrício Elias, presidente da Caixa de Assistência ao Advogado de Várzea Grande. O pedido para que a OAB escolhesse e designasse representantes para acompanhar o processo instaurado foi realizado pela Polícia Militar de Mato Grosso. “Fomos convidados para dar legalidade e oficialidade ao ato e vamos acompanhar todos os procedimentos”, informa o advogado José Arnaldo. Ele considera ainda a possibilidade de colocar o denunciante e os acusados em uma mesma oitiva. “Em uma espécie de acareação”.
O presidente da Sindicância, tenente-coronel Wilson Batista, informou ainda que na próxima semana irá solicitar que o vereador preste informações no procedimento instaurado para garantir que todas as partes envolvidas sejam ouvidas, garantindo a lisura do processo. “Temos as declarações do adolescente, dos policiais, vamos solicitar a presença de testemunhas, e por último, a do vereador”. A data ainda será definida.
O comandante geral da Polícia Militar, coronel Antônio Benedito Campos Filho, ressalta que em nenhum momento a Instituição fugiu a responsabilidade de apurar denúncias tecidas. “Considero ainda a versão apresentada como uma tentativa de desqualificar a ação legítima dos policiais. Confio nas informações prestadas pelos homens que sempre se mostraram pessoas idôneas no cumprimento de seu exercício profissional”.
O coronel Campos Filho finaliza dizendo ainda que a conclusão do procedimento servirá como base para futuras ações judiciais, tanto no âmbito cível como criminal. Ele coloca ainda à disposição da Câmara dos Vereadores a Polícia Militar. “Esperamos que o mesmo procedimento seja instaurado também pela Câmara para que a situação seja apurada”.