Mauro afirma que a definição pelo PSB está ligada a questões de cunho ideológico e ao projeto nacional da nova sigla. Afirma ainda que não possui ressentimento com os republicanos. Mauro nega que sua militância no novo partido tenha vínculo com os planos de disputar o governo do Estado no próximo pleito. No entanto, não descarta a chance de analisar futuramente a possibilidade. Dono de um currículo na área empresarial de sucesso, que o vincula ao perfil do atual chefe do Executivo estadual, ele aponta o vice-governador Silval Barbosa (PMDB) como um bom nome para chefiar o Palácio Paiaguás.
E mesmo sustentando que só falará sobre política em 2010, ele antecipa o posicionamento “duro” que adotará em relação ao prefeito Wilson Santos (PSDB), caso o tucano opte pela liderança de majoritária.
A Gazeta – Por que a decisão de sair do PR para ingressar no PSB?
Mauro Mendes – Em primeiro lugar gostaria de deixar claro que no PR eu tive a oportunidade de fazer uma militância política, tive a oportunidade de ser candidato a prefeito por Cuiabá numa campanha que nos desenvolvemos com muito orgulho, com muita dificuldade. Uma campanha que embora nós não tenhamos conseguido obter a vitória, mas foi considerado por muitos analistas como uma vitória política. Porque tivemos um desempenho onde partimos de 0,8% na primeira pesquisa e chegamos a 40%, o qual agradeço a confiança nessa oportunidade de todos aqueles que acreditaram nas propostas, nas idéias que nós apresentamos naquele projeto. Deixei o PR porque nesse momento tenho uma grande simpatia pelo projeto nacional do deputado federal Ciro Gomes. Deixei o partido porque me encantou muito a oportunidade de ajudar na construção de um partido. O PSB é um pequeno partido mas que tem aí muitas boas ideias e seguramente esse trabalho é um desafio grande e todo grande desafio sempre me atrai.
Gazeta- A sua saída do PR e ingresso ao PSB causou muita surpresa e seu nome é apontado como possível candidato ao governo.
Mauro- Avalio com certa naturalidade e me sinto um pouco lisonjeado quando vejo meu nome citado por diversos segmentos como um possível candidato. Entretanto, isso deve-se talvez ao fato de eu ter sido candidato na Capital e ter isso ao segundo turno e ter tido um desempenho considerado satisfatório. Entretanto, isso não gera nenhuma obrigação. Ser governador de um Estado não basta querer porque você tem que reunir algumas condições e uma conjuntura que possa lhe permitir representar interesses e sentimentos maiores de uma sociedade.
Gazeta- Como se deu essa decisão? O senhor chegou a conversar sobre a possibilidade de sair com o governador? E como está sua relação com o governador Blairo Maggi e o relacionamento ficou estremecido por conta da sua decisão?
Mauro- A possibilidade da mudança surgiu a praticamente 10 dias do término do prazo de troca de partido. Eu obviamente conversei com muitas pessoas, conversei com alguns líderes do PR e não poderia jamais deixar de conversar com o governador Blairo Maggi. É uma pessoa pela qual tenho profundo respeito e admiração por ele por toda a equipe que faz hoje, na minha opinião, um grande trabalho frente ao Estado de Mato Grosso. Os avanços construídos ao longo desses sete anos são muito importantes para o nosso Estado. Foram milhares de casas construídas, milhares de quilômetros de asfalto então existe aí uma enormidade de obras que podem ser listadas e apresentadas em todos os campos de atuação e de dever do Estado. Portanto, para tomar essa decisão eu conversei sim como o governador, expus para ele o meu ponto de vista, o que eu penso, o que eu acredito, a minha leitura do cenário político e expus vários argumentos do porque dessa mudança. Ele não concordou com meus argumentos, concordou com alguns, descordou de outros e obviamente a democracia é isso. Ele é uma pessoa que talvez não tenha gostado mas tenho certeza que ele respeitou e vai respeitar a minha decisão como ele tem respeitado tantas outras situações diferentes daquela que é a opinião pessoal dele.
Gazeta- Você avalia a chance de ser um candidato ao governo ou de mais tarde disputar novamente a prefeitura de Cuiabá?
Mauro- Olha essa possibilidade sempre existe mas avaliar objetivamente se eu vou estar me colocando novamente à disposição da sociedade eu só farei isso em 2010. Eu não sou um político profissional, eu não vivo da política, eu sou um cidadão que quer o melhor para o meu Estado, que quer o melhor para a minha cidade. Em determinado momento eu me coloquei a disposição, eu me apresentei. Eu sempre critiquei às vezes uma parte da classe política, uma parte do governo seja ele federal, estadual ou municipal. E eu não poderia passar a minha vida inteira simplesmente criticando, por isso me apresentei, para mostrar aquilo que penso, aquilo que acredito e de alguma forma apresentar também para dar uma contribuição na gestão do Estado.
Gazeta- A sua saída do PR ainda é criticada. Existe inclusive a avaliação de alguns membros do PR de que sua decisão pode ter recebido reforço após o senhor ter tomado conhecimento de uma pesquisa feita pela legenda na qual seu desempenho eleitoral teria ficado abaixo da expectativa. O mesmo estudo apontaria o crescimento do vice-governador Silval Barbosa.
Mauro- A minha decisão foi feita em cima de uma leitura. Não tomei conhecimento de nenhuma pesquisa e minha decisão foi pelo desafio de continuar militando politicamente num pequeno partido e para ajudar no crescimento dessa legenda. E principalmente no caso do PSB pela minha simpatia ao projeto nacional do deputado Ciro Gomes que pode ser um dos candidatos à presidência da República. Eu não vi nenhuma pesquisa, não me orientei por isso mas eu respeito todas as críticas que eventualmente possam ser feitas assim como as pessoas tem que respeitar a minha decisão.
Gazeta- Quais os principais nomes para disputar o governo em 2010?
Mauro- Eu acho que o vice-governador Silval Barbosa é um grande nome, é um homem que tem uma longa trajetória política em Mato Grosso. Ele tem a minha simpatia como pré-candidato, ele está fazendo um trabalho de consolidação, de construção do seu nome. E não é porque deixei o PR que deixei de ter por ele a mesma consideração que eu sempre tive. Eu mantenho essa consideração, sei que ele está fazendo um grande trabalho para tentar construir esse projeto e eu estarei inclusive me disponibilizando para ajudar na construção desse projeto como parceiro que fui, continuo sendo e pretendo ser.
Gazeta- Como o sr. analisa a posição do DEM nesse cenário político? Acha que o Democratas está afastado desse projeto?
Mauro- Nós temos aí uma distância muito grande para as verdadeiras definições do processo eleitoral. O processo começa a ser definido, na minha opinião, a partir de abril quando é o prazo para desincompatibilização para todos aqueles que pretendem, no exercício de cargo público concorrer ao pleito de 2010. A partir daí o cenário começa a ficar mais definitivo e aí ocorrerão as grandes decisões. Eu entendo que crítica faz parte do processo democrático principalmente quando são feitas com responsabilidade e com maturidade. E sei que o senador Jaime Campos tem uma longa trajetória e que não fará críticas se não forem movidas por esses dois princípios.
Gazeta- Nome de Jaime para o governo?
Mauro- É um senador da República, ele tem um mandato por mais quatro anos, tem uma história e já teve a oportunidade de contribuir por Mato Grosso, é legítimo que ele faça esse pleito mas quem vai decidir isso é a sociedade e num primeiro momento as forças partidárias.
Gazeta- E o prefeito Wilson Santos, o senhor vê ele como um candidato em potencial?
Mauro- O prefeito Wilson Santos fez dezenas ou centenas de promessas para Cuiabá. Eu acredito que ele deveria cumprir pelo menos uma grande parte dessas promessas antes dele pensar ou até mesmo imaginar deixar a prefeitura. Vou lembrar inclusive de uma promessa que ele fez de que ficaria quatro anos. Ele disse para mim e vou cobrar duramente se ele deixar essa cidade cumprindo quase nada daquilo que ele prometeu para a sociedade cuiabana. Seria chutar todos os compromissos e aí isso se ternária uma grande mentira que ele contou para Cuiabá. Eu tenho certeza que a sociedade cuiabana não vai perdoar essa traição porque ele não está fazendo um bom trabalho e já quer largar esse trabalho e partir para um novo projeto. Isso é pensar pessoalmente e colocar os seus interesses pessoais em primeiro lugar esquecendo os compromissos que ele fez com Cuiabá e com o povo cuiabano.
Gazeta- De que forma o sr. pretende cobrar “duramente”?
Mauro- Pretendo cobrar duramente como acho que é o dever de todo cidadão cobrar os compromissos que os políticos fazem. Acho que a sociedade precisa cobrar mais. O cidadão tem que entender que política não se faz só na época de eleição. Se os políticos fazem muitas coisas erradas é porque o cidadão cobra pouco, exige pouco. Se todos nós começarmos a cobrar mais, prestarmos mais atenção durante os quatro anos e não só no período eleitoral naquilo que os políticos fazem, seguramente nós teríamos políticos muito melhores ou muito diferente do que nós temos aí.
Gazeta- Como avalia a segunda gestão do governo Blairo Maggi?
Mauro- A segunda gestão sempre traz desafios novos porque a referência passa a ser o mandato anterior e não do seu antecessor. O governo está num processo de consolidação, forma feitos muitos avanços no primeiro mandato e tenho certeza que muito ainda precisa ser feito. As demandas do nosso Estado não serão resolvidas em oito anos. Nós precisamos ter aí duas ou três boas administrações, na mesma linha, com seriedade, com competência, fazendo uma gestão eficiente do Estado para que nós possamos equacionar alguns de nossos grandes desafios. Então eu espero que o futuro governo que virá a partir de 2011 possa continuar na mesma linha do trabalho que foi feito pelo governador Blairo Maggi ao longo desses oito últimos anos.
Gazeta- Projetos e planos políticos?
Mauro- Nesse momento vou continuar tocando a Federação das Indústrias (Fiemt), vou assumir agora em novembro quando termina meu primeiro mandato como presidente da Federação e vou começar um segundo mandato. Queremos continuar investindo na qualificação através do Senai, vamos continuar ampliando as nossas unidades, vamos continuar investindo muito em qualificação, contribuindo para que a indústria possa crescer em Mato Grosso. Planos eleitorais, uma eventual participação minha no processo eleitoral de 2010 ou só definirei em 2010.
Gazeta- E como analisa o nome do presidente da Assembleia Legislativa? Seria uma aposta para o governo de 2010 ou para compor outro cargo na chapa majoritária?
Mauro- O deputado Riva tem uma qualidade que eu admiro muito, respeito muito porque é um homem de palavra. Como eu sou um homem de palavra eu tenho por ele uma profunda admiração porque ele tem palavra, cumpre o que trata, diferente de muitos “atores” hoje na política de Cuiabá. O deputado Riva tem um capital político construído pela sua atuação, como presidente da Assembleia e como parlamentar de muitos mandatos que o referencia a postular qualquer cargo eletivo no Estado de Mato Grosso. Elegê-lo cabe a população decidir.