A “guerra dos médicos” contra a Prefeitura de Cuiabá continua. Particularmente, contra o secretário de Saúde do Município, Luiz Soares. Nesta quinta-feira, o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (SindiMed) confirmou a demissão de mais 44 profissionais. Desses, a grande maioria é da área pediátrica, uma das mais movimentadas da unidade hospitalar. O número pode aumentar. Existem manifestações dos ortopedistas e anestesistas. Na semana passada, 23 cirurgiões apresentaram carta de demissão, provocando caos no sistema de atendimento de urgência. Fora isso, há mais 10 médicos do Programa de Saúde da Família (PSFs) que também pediram demissão.
Os médicos exigem a saída do secretário Soares do cargo, a quem acusam de autoritarismo no exercício do cargo. Eles pedem a revogação da Portaria 16/2009, que consideram abusiva e que tem constrangido médicos, “outros profissionais e funcionários a trabalharem como escravos”. Os médicos ainda listam uma série de problemas que a categoria vem enfrentando, começando pelos baixos salários, até as condições oferecidas para o desenvolvimento da medicina.
Nesta quinta-feira, antes de circular ao lado do juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal, inspecionando obras da ETA do Tijucal, com a finalidade de obter liberação de verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o prefeito Wilson Santos decidiu engrossar a discussão. Segundo ele, a Prefeitura esta aberta ao diálogo. “Quem quiser discutir melhorias salariais, as portas estão abertas; quem quiser discutir melhorias das condições de trabalhos, estamos abertos. Mas não vamos aceitar que a população carente seja prejudicada” – disse o prefeito, desafiador. Descartou, em outras linhas, a possibilidade de demitir Luiz Soares do cargo, mesmo com o apelo de vereadores de oposição, e cobrou a ajuda do Estado na solução da crise.
Durante o dia, o box de emergência do Pronto Socorro funcionou normalmente, depois do “apagão” de quarta-feira, em que muitos feridos tiveram que ser levados para o Pronto Socorro de Várzea Grande – o que provocou dura reação por parte da Ordem dos Advogados do Brasil, que pediu a abertura de investigação pelo Ministério Público do caso. Apenas um médico, Osvânio Pimenta, havia comparecido ao posto de trabalho, ainda assim, antes de trabalhar, foi até a Delegacia Metropolitana registrar ocorrência policial para evitar eventuais procedimentos criminais.
O “apagão” pegou a Prefeitura de surpresa. A demissão representa 79% da equipe, que é composta por 29 médicos cirurgiões. Agora, o número se eleva amais. "Nós estamos surpresos com a demissão dos médicos” – disse Soares. Ele lembrou que não haveria demissões até a reunião marcada para esta quinta-feira. Ele acrescentou que, de acordo com o Código de Ética Médica, o profissional deve trabalhar, mesmo sem receber e que está havendo um exagero da categoria.
O presidente do sindicato, Luis Carlos Alvarenga, afirmou que a categoria não pode obrigar os profissionais a trabalharem. "Demissão é demissão. Não posso obrigar ninguém a trabalhar se não quer. O prefeito interpretou mal o que foi dito na reunião. Foi colocado que os cirurgiões pediam demissão, no documento está escrito. O que dissemos é que o sindicato não está fechado para negociação" – disse. Alvarenga acrescentou que os cirurgiões concursados que pediram demissão irão cumprir 30 dias, atendendo urgências. Os médicos também asseguram que vão cumprir com escala de 30% na emergência.