Centenas de profissionais da saúde estão participando neste momento de uma passeata pelas principais vias públicas de Cuiabá. Com pedido de demissão coletiva nas mãos, eles deixaram a frente do Pronto Socorro Municipal e estão se dirigindo para a Câmara Municipal de Cuiabá, onde seguirão com os protestos. Depois, de lá, deverão finalizar o movimento na Praça Alencastro, em frente o Palácio Alencastro, sede da Prefeitura de Cuiabá. No protesto, eles querem o pedido de demissão do secretário Luiz Soares, de Saúde, a quem acusam de agir de forma truculenta com a classe.
Os médicos mantiveram as críticas às imposições do secretário, particularmente a Portaria que tenta manter a “ferro e fogo” o controle sobre a freqüência dos médicos em seus locais de trabalho. Entre gratificações, abonos e outros “penduricalhos”, os médicos formam um salário de aproximadamente R$ 3 mil. Porém, o salário-base é de R$ 800,00. “Se alguém faltar um dia que seja, perde todos os benefícios e recebe apenas o básico” – disse o cirurgião Danison Reis, um dos que pediram demissão.
A briga pela incorporação dos benefícios é antiga. Vem desde a gestão do deputado Guilherme Maluf (PSDB). A maior crítica da classe médica é a falta de diálogo por parte da Prefeitura.
Ao mesmo tempo em que criticam a falta de diálogo, os médicos também apontam vários problemas de ordem estrutural no Pronto Socorro. O aparelho de Raio-X, por exemplo, está há 30 dias sem funcionar. O secretário Luiz Soares disse que um novo equipamento deve ser instalado na unidade, mas até agora não chegou: “Deve estar vindo de bicicleta pelo caminho das Índias” – ironizou o cirurgião.
A estrutura de atendimento no Pronto Socorro está muito aquém da demanda. O cirurgião destacou que a população aumentou cinco vezes e não houve ampliação e melhorias na estrutura de saúde pública. Ele frisou que os corredores do Box de emergência há pelo menos 30 pacientes a espera de atendimento, deitados no chão ou em macas. “Não existe a mínimas condições de trabalho” – acrescentou. Danisson contou que existem apenas três leitos para descanso médico, numa equipe formada por quatro cirurgiões e dois ortopedistas.