Com pouco mais de 20 dias no comando da Prefeitura de Cuiabá, o prefeito Mauro Mendes (PSB), que passou cerca de dois meses dentro do Palácio Alencastro acompanhando os trabalhos de transição junto ao ex-prefeito Chico Galindo (PTB) e no ano passado, durante sua campanha, buscou uma série de levantamentos à respeito do município, reconhece que é na situação financeira da administração que encontrou as maiores diferenças desde que assumiu o mandato.
Ele afirma que esperava que a realidade encontrada fosse dura e garante que está preparado para enfrentar os desafios, mas nos bastidores, o que se percebe é muita preocupação. Mendes procura se cercar de todas as medidas legais para não empenhar sua gestão no pagamento de contas deixadas por seus antecessores.
Para isso, buscará apoio popular. No final do mês, o prefeito promete abrir para a população um relatório da situação financeira da prefeitura. Desde o início do ano, tem feito sua equipe debruçar-se em relatórios a fim de apresentar os valores exatos devidos pelo município. "As pessoas têm direito de saber qual é o caixa da prefeitura", destacou.
No relatório, ele deve especificar quanto o Executivo deve a cada órgão, como a própria Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), cuja dívida estimada é de aproximadamente R$ 6 milhões, débitos com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), entre outros. Desta forma, ele revelará ao público o diagnóstico sobre os restos a pagar identificados em sua gestão.
Mendes evita falar em números até a apresentação do relatório, mas sabe-se que a situação não é das mais animadoras. Galindo abriu o exercício de 2012 com cerca de R$ 144 milhões de restos a pagar, sendo que desses, R$ 136 milhões já estavam processados.
Os números referentes até o final do 4º bimestre do ano passado, apresentados em audiência pública realizada na câmara em 21 de setembro, apontavam que, do montante inicial, ainda restavam mais de R$ 64,3 milhões de restos a pagar.
Excluído o liquidado desta quantia até o final do ano, resta à gestão o saldo somado ao acumulado durante 2012. Especula-se que a quantia já esteja próxima de R$ 200 milhões, mas o prefeito evita o assunto. Contudo, somente no exercício/2012, a diferença entre os valores empenhados e os liquidados é superior a R$ 3,319 milhões.
Uma das maiores diferenças está no programa de expansão e melhoria da infraestrutura, para qual foram empenhados R$ 229,965 milhões em recursos para a execução de ações e o valor liquidado foi de quase R$ 1,2 milhão inferior.
Vale ressaltar que a receita estimada pelo ex-prefeito na elaboração da peça orçamentária para o exercício de 2012, no final do ano anterior, era de aproximadamente R$ 1,4 bilhão, mas o valor disponível ao município para aplicação em ações foi R$ 165,6 milhões menor.
Para este ano, o orçamento previsto é de cerca de R$ 1,6 bilhão e Mendes já enfrenta a primeira baixa com a suspensão de repasses do Ministério da Saúde.