A eleição de 2010, quando serão escolhidos os novos governadores, senadores, deputados federais, estaduais e presidente da República promete, pelo menos em Mato Grosso, ser a repetição do embate do ano passado para a Prefeitura de Cuiabá. Ou pelo menos em parte. De um lado estará o prefeito Wilson Santos, do PSDB, cujo projeto está cada vez mais consolidado para ir à disputa. Do outro lado o empresário e presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso, Mauro Mendes, afilhado político do governador Blairo Maggi, que, por sua vez, “banca” o projeto de Silval Barbosa, do PMDB, seu vice, como candidato ao Ggoverno.
Além dos três, um quarto nome de peso “corre por fora”: o do senador licenciado Jayme Campos, dos Democratas, que vem tentando viabilizar seu nome junto às bases do partido e também entre eventuais siglas aliadas, como o Partido Progressista, do deputado José Riva, atual presidente da Assembléia Legislativa. O projeto de Campos ao Governo passa por uma discussão sobre a candidatura de Wilson Santos.
Faltando alguns dias e um ano para as eleições, Mendes surge como o “fato novo” no processo de sucessão de Maggi. Até então, o empresário vinha sendo “preservado” das eleições do ano que vem. O máximo que se ouvia falar era a possibilidade de vir a ser vice do próprio Silval Barbosa, uma espécie de “pit stop” para as eleições de 2014, conforme o próprio governador chegou a confidenciar. Mas, pelo visto, Mendes optou por não escutar o padrinho político e decidiu comprar o projeto eleitoral do PSB.
A proposta socialista é simples: reunir um bloco de siglas tidas como pequenas no campo da representatividade. Além do PSB se juntariam o PDT de Otaviano Pivetta, e o PPS de Percival Muniz, que, por sua vez, vem se insinuando constantemente com uma candidatura a vice – inclusive numa hipótese de entendimentos na aliança DEM-PSDB. Desse projeto consta ainda o deputado Pivetta como candidato ao Senado.
A articulação para garantir Mauro Mendes como candidato começou há pelo menos três semanas com conversas com Percival Muniz, presidente regional do PPS e Valtenir Pereira, presidente regional do PSB. Na última quarta-feira, o martelo em torno da formação do bloco foi batido. Convidado, Mauro Mendes esteve na residência do deputado estadual Percival Muniz onde também estavam dirigentes do PSB, PDT, PPS e PC do B. O encontro varou a madrugada, até que Mendes disse que aceitava ser o candidato do grupo ao governo do Estado e que estaria se desfiliando do PR para ingressar no PSB.
Faltava colocar as fichas na mesa do governador Blairo Maggi. O encontro entre padrinho e afilhado aconteceu durante a tarde desta quinta-feira no Palácio Paiaguás. Mendes foi avisar que acredita na vitória ao governo do Estado, que pode retirar preciosos votos de Wilson Santos, candidato do PSDB, com quem teve embates duros na última eleição.
Ao final do encontro, Mendes não confirmou que havia comunicado o governador que estava deixando o PR e que iria iniciar vôos mais ousados e com um grupo que está deixando de apoiar a turma da botina. O governador também não quis comentar o teor da conversa, mas não escondeu que estava deixando o Paiaguás visivelmente aborrecido com a decisão de seu afilhado.
Pessoas ligadas ao governador, entretanto, vêem com bons olhos a decisão de Mauro Mendes. Avaliam que ele será fundamental para que o grupo do governador garanta o futuro governador. A matemática é simples. Maggi continua apoiando o vice-governador Silval Barbosa (PMDB), que se beneficiará com a briga que Wilson Santos terá de travar com Mauro Mendes. “O Mauro sabe todos os pontos falhos do prefeito. Sabe onde atacar. Não tem densidade política no Estado, mas tem bala na agulha. Vai jogar duro para cima do Wilson. Isso será bom para o Silval, que começa a crescer nas pesquisas”, avalia um republicano.
No PSDB é certa a candidatura de Wilson Santos. Entre os tucanos, a figura do senador Jaime Campos, que rompeu com o governador Blairo Maggi é vista apenas como figurativa. Não terá espaço para sair candidato. Não terá o necessário apoio dos tucanos. Assim, vai ter de engolir goela abaixo as decisões do PSDB e apenas emprestar seu nome para a candidatura de Wilson Santos, notadamente no interior onde o prefeito é pouco conhecido.
E a certeza de que Santos é candidato é a sua decisão de deixar a presidência do partido no Estado. Em seu lugar assume a deputada federal Thelma de Oliveira, que a partir de março do ano que vem deixa o cargo para disputar a reeleição a Câmara Federal. A função será exercida pelo secretário municipal de Saúde Luiz Soares, que por ter de assumir o partido terá de deixar a secretaria. Esta decisão, inclusive já vem sendo negociada com o sindicato do Médicos, que no início da greve iniciam a demissão imediata de Luiz Soares e agora e agora se aquietam por saber que no máximo em abril ele deixa o cargo para um aliado do vice-prefeito Chico Galindo e que tem livre trânsito no Hospital Geral, hoje administrado pela Unic, do vice-prefeito.