O governador Mauro Mendes fez duras críticas à fala do CEO global do Carrefour, do qual a rede de mercados Atacadão também faz parte, Alexandre Bompard, que, ontem, publicou em suas redes sociais um comunicado anunciando que a empresa assumiu “o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O comunicado foi dirigido ao presidente da Federação Francesa dos Sindicatos de Agricultores, Arnaud Rousseau.
Para Mauro, a decisão é uma forma de minar o agronegócio brasileiro. “Ele fez esse comunicado em resposta aos produtores do agronegócio francês, que, mais uma vez, estão fazendo protestos por conta de um acordo que pode ser assinado do Mercosul com a União Européia. Como esses produtores não conseguem competir com o agronegócio brasileiro, eles ficam criando esses artifícios e o Carrefour e Atacadão embarcaram nessa onda”, criticou o governador de Mato Grosso.
Mendes, que em outras oportunidades já havia criticado o presidente francês Emmanuel Macron, voltou a afirmar que a pauta ambiental tem sido usada para diminuir a competitividade do agronegócio brasileiro. “Fica mais uma vez claro que essa história do senhor Macron e de muitos ambientalistas que se dizem defensores do meio ambiente é muita conversa fiada. No fundo, eles querem usar o meio ambiente para criar barreiras contra o agronegócio do nosso país e de alguns outros países da América do Sul”.
O governador ainda anunciou que não irá mais comprar produtos nas empresas do grupo Carrefour/Atacadão e convocou a população a fazer o mesmo. “Quero dizer ao diretor geral do Carrefour que ele tem sim o direito de comprar de quem ele quer. Mas nós brasileiros também temos o mesmo direito. Também podemos comprar de quem quisermos. E eu acho que não é justo alguém nos tratar dessa forma e a gente não dar a eles aquilo que é muito conhecido, inclusive internacionalmente, que é a chamada lei da reciprocidade. Do jeito que você me trata, eu posso também te tratar”.
“Então, se o Brasil não serve para vender carne para eles, eles não servem para vender produtos franceses para nós. E até porque não dizer que essa empresa não deveria ser bem vista aqui no nosso país? A partir de agora, quero dizer a esse diretor que eu, como cidadão, não vou mais comprar nas lojas deles. Acho que quem é do agro brasileiro, tendo esse tipo de tratamento, poderia pensar em fazer a mesma coisa. Acho que para honrar o nosso país, poderíamos pensar em dar a esse Carrefour e Atacadão o mesmo tratamento que estão dando ao nosso país”, concluiu.
Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) destacou a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais, e rechaçou as declarações do CEO. “O Mapa lamenta tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações. O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”.
Conforme divulgado pelo portal G1, nesta quinta-feira, o escritório do Carrefour na França disse que a medida anunciada vale apenas para as lojas da rede no país e que em todas as demais nações onde o grupo atua, incluindo o Brasil e a Argentina, continuará comercializando carne do Mercosul, bem como em países que utilizam o modelo de franqueado.
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