Seis candidatos disputam a única vaga para representar Mato Grosso no Senado na eleição de outubro. Três deles são milionários: Jayme Campos (DEM), Wellington Fagundes (PR) e Rui Prado (PSD). Completam a lista de concorrentes, o vereador por Cuiabá, Juca do Guaraná (PT do B), o empresário e recorrente em se lançar em novos pleitos, Amorézio Dias Vidrago (PHS), e Gilberto Lopes Filho (Psol), que há quatro anos tentou uma vaga na Câmara Federal. O social-democrata é estreante em eleições no âmbito estadual.
Os gastos da campanha para o Senado chegam a se assemelhar aos de uma disputa para o governo de Mato Grosso. Enquanto um governador é o responsável por movimentar até R$ 13,345 bilhões (orçamento do Estado para este ano), além do vencimento mensal, um senador tem um salário de R$ 16.512,09 e mais uma verba indenizatória de R$ 15 mil mensais. Os valores chegam ser um contrasenso aos números estimados à campanha de R$ 70 milhões, somados todos os limites previstos pelos seis concorrentes.
Além das altas cifras, os registros de candidaturas revelam peculiaridades ao mundo político. O candidato do Psol, por exemplo, tem o pai como o segundo suplente, Gilberto Lopes, do mesmo partido. Já o vereador por Cuiabá é o único concorrente que tem duas mulheres como suplentes, exceção na política. Com perfis diferenciados, cinco concorrentes nasceram em Mato Grosso.
RUI PRADO – Natural de Campo Grande- MS, Rui Prado, presidente licenciado da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), tem o maior valor previsto à campanha, R$ 30 milhões, cifra que nem de longe chega perto do seu milionário patrimônio declarado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que é de R$ 1.082. 694,17. Ele é considerado um dos três nomes principais na corrida, tanto pela força do seu partido no Estado, quanto pela categoria que lidera, o agronegócio. Prado está no terceiro mandato à frente da entidade, que representa cerca 33 mil produtores rurais em Mato Grosso.
WELLINGTON FAGUNDES – Com a segunda maior previsão de gastos na campanha – R$ 15 milhões -, o deputado federal Wellington Fagundes é outro milionário que tenta chegar ao Senado. Dono de um patrimônio de R$ 8,6 milhões, o republicano é o recordista de Mato Grosso com seis mandatos na Câmara Federal.
Número inédito até mesmo no âmbito nacional. Natural de Rondonópolis, onde tem a sua principal base eleitoral, concorre pela segunda vez a um cargo majoritário, o anterior foi à prefeitura do município, em 2004, quando foi derrotado. Na eleição de 2010, foi o mais votado em Mato Grosso à Câmara Federal com 145.460 mil votos.
JAYME CAMPOS – Três vezes prefeitos de Várzea Grande e senador, Jayme Campos quer se manter no Senado. Tem o maior arco de aliança, com o apoio de 13 partidos, e estima empregar R$ 12 milhões no pleito.
Apesar de liderar a disputa eleitoral, reconhece as dificuldades de uma nova eleição. Contudo, já se tornou o principal alvo dos adversários. Ele também lidera o ranking dos políticos mais ricos, com R$ 67 milhões. Ao contrário do que está no lendário popular, o ex-prefeito é natural de Cuiabá e não da Cidade Industrial.
Com peso de ex-governador de Mato Grosso, na década de 90, e de família tradicional da política mato-grossense, Jayme se articulou junto ao grupo de oposição, liderado pelo candidato ao governo, senador Pedro Taques (PDT). Ele aposta no apoio dos prefeitos e no histórico familiar para se sobressair ao discurso de renovação, conclamado por adversários. Neste primeiro momento, a disputa está polarizada entre o democrata e o republicano, já que estão há mais tempo se viabilizando à disputa.
Aliás, Jayme e Fagundes protagonizaram uma disputa anterior, há cerca de dois meses, quando o republicano tentou aderir ao grupo de oposição e ameaçou tirar de Jayme o apoio do bloco à sua reeleição. Vencido o embate interno, o deputado federal retomou as articulações com a base de sustentação. Ele tem um perfil mais ponderado e já militou por mais de uma década no mesmo grupo político do candidato à reeleição.
JUCA DO GUARANÁ – Jayme é o candidato mais velho na disputa, enquanto o vereador por Cuiabá é o mais novo. Juca é de uma família de cuiabanos, que temtentando se aventurar por um mandato eletivo por mais de uma década, iniciando com o irmão Nicássio Barbosa, em 2000, que disputou a Câmara de Cuiabá e foi acusado de tentar matar um suplente para ficar com a vaga. 12 anos depois, Juca se tornou o primeiro integrante do clã familiar a conquistar diretamente um mandato eletivo. Declarou à Eleição de 2014 um patrimônio de R$ 152 mil e um limite de gastos à campanha de até R$ 7 milhões.
AMORÉZIO – De Diamantino, Amorézio é figura conhecida na propaganda eleitoral gratuita na televisão. Para o Senado, é a primeira vez que disputa. Muda tanto de projeto político quanto de partido. Em 2010, pelo PTC, disputou o cargo de deputado federal e dois anos depois tentou se eleger vereador do município pelo PC do B, também sem sucesso. Agora, no PHS, estima gastar R$ 5 milhões.
Para Jayme, a concorrência para a eleição deste ano é menor se comparada há oito ano quando enfrentou sete concorrentes. Ele obteve 781.182 mil votos, número considerado expressivo. Porém, em todo o processo eleitoral não teve em nenhum momento a disputa ameaçada, sempre se manteve à frente na campanha com uma margem de mais de 50% de intenções de votos dos adversários.
Foram concorrentes do democrata, o ex-governador Rogério Salles (PSDB) com 266.957 votos, Janete Carvalho (PCdoB) atingindo a votação de 194.158, a pastora Gisela Araújo com 22.648 votos, seguida de Manoel Novaes, Zebra (PSC), com 4.853, Cleuza Leite (Psol) com 3.963, José Aquino Correa (PRP) com 2.907 e Edson Santana da Silva (PSDC) com apenas 558 votos.