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Mato Grosso perde Carlinhos Reiners, símbolo da resistência democrática brasileira

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Faleceu na noite desta segunda-feira, 30.06, o comerciante e professor comunista Carlos Jorge Reiners. Aos 74 anos, ele vinha em tratamento contra o câncer havia mais de dois anos. Depois de um restabelecimento que durava desde então, ele foi internado na última terça-feira, no hospital São Matheus, desta vez com complicações intestinais. Seu quadro clínico se complicou nos últimos dias, quando foi transferido para UTI, e acaboU sendo acometido por uma falência múltipla de órgãos, por volta das 21h de ontem. Carlinhos Reiners, como era tratado por familiares e amigos, está sendo velado na Capela Jardins, no bairro Bandeirantes, e o seu sepultamento está previsto para às 11h, no Cemitério da Piedade, no centro de Cuiabá.

HISTÓRIA

Carlos Jorge Reiners foi militante comunista e sofreu, como tantos outros a dor da perseguição durante a ditadura militar brasileira. No dia 27 de março passado, conseguiu deferimento pelo Ministério da Justiça do seu pedido de indenização como anistiado político. Foi o primeiro mato-grossense oficialmente reconhecido como vítima da ditadura. Não chegou, entretanto, a receber nem o primeiro pagamento.

Reiners nasceu em Santo Antônio de Leverger e vivia no distrito de Mimoso (110 km de Cuiabá). Ele foi preso pelo Exército no ano de 1964 por integrar um grupo de militantes de esquerda que pretendia reagir ao golpe militar. Ele receberia uma pensão mensal de R$ 2 mil, além de uma indenização de cerca de R$ 200 mil por atrasados.

Em 1980, Carlos Reiners foi nomeado diretor da Escola Estadual “Santa Claudina”, em Mimoso, onde ficou cinco anos. Como professor na terra onde nasceu o Marechal Rondon, primeiro Reiners lecionou língua portuguesa para o ginásio e depois filosofia e sociologia para estudantes do Ensino Médio.

Carlos Reiners soube da notícia do golpe militar de 1964 no início da noite de 29 de março. A Rádio Tupi informava que as tropas de Minas Gerais marchavam para a Capital Federal e que o presidente João Goulart não iria oferecer resistência.

Em uma reunião naquela mesma noite, os comunistas de Mato Grosso decidiram que ao menos eles resistiriam de algum modo. Na época, o atual deputado federal Carlos Bezerra, que era presidente da Associação Cuiabana de Estudantes Secundaristas (ACES), também participou da mobilização.

Depois de atravessar o rio São Lourenço, o grupo se espalhou, só voltando a se juntar na prisão do 16º Batalhão de Caçadores, em Cuiabá, onde chegaram a ficar presos 250 pessoas. Reiners foi preso assim que voltou para casa, depois de ficar mais de 24 horas correndo, sem ter o que comer. Na prisão, serviram-lhe uma refeição apenas no terceiro dos mais de 100 dias em que lá ficou.

Carlos Jorge Reiners, o primogênito de uma prole de 14 filhos do senhor Carlos Reiners, um dos fazendeiros mais respeitados do baixo pantanal mato-grossense, que completa 101 anos de vida em agosto próximo. Ele é o terceiro filho falecido.

Carlinhos deixa a esposa, senhora Nelza de Moura Reiners, e cinco filhos: Jorge Carlos, Luiz Fernando, Júlio, Hugo Henrique e Patrícia Reiners.

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