Em evento realizado na tarde desta quinta-feira, em São Paulo, a ex-senadora Marina Silva anunciou oficialmente sua saída do Partido Verde (PV), legenda pela qual disputou a presidência da República em 2010 e obteve 19,6 milhões de votos, cerca de 20% do eleitorado brasileiro. Marina ficou em terceiro lugar na corrida eleitoral, atrás de José Serra (PSDB) e da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). "É um momento para ficarmos tristes e alegres. Não é um fim, é um início", afirmou Marina.
Questionada sobre uma possível candidatura para as eleições presidenciais de 2014, Marina Silva garantiu que ainda não sabe se disputará. "Estou sendo sincera e verdadeira, não sei. (…) Não se trata de uma saída pragmática, com olhos nos calendários eleitorais", disse ela.
O chamado "Encontro Por Uma Nova Política" reuniu mais de 300 pessoas, entre apoiadores e simpatizantes, além de políticos como Alfredo Sirkis, Ricardo Young e Fernando Gabeira, que deu uma breve declaração por Skype. "O movimento que surge hoje é muito importante e representa uma resposta a um problema, que é o de aproximar a sociedade dos grandes temas. Desejo sucesso a todos e contem comigo", disse Gabeira, que segue no PV.
Coerência
No discurso de adeus ao PV, Marina Silva ressaltou que está mantendo a coerência do seu discurso. "Estamos aqui hoje para reafirmar que esta continua sendo a nossa palavra, que vale o que está escrito. Está nesta palavra dada a principal razão pela qual eu mesma e tantos companheiros estamos nos afastando do Partido Verde. Para manter nossa coerência e seguir em frente, em união com aqueles que, embora não se desligando do partido por diversas razões, permanecerão críticos e em consonância com o mesmo pensamento", disse.
"Hoje, as pessoas se mobilizam por causas muito diferenciadas, se manifestam pela internet, mas tem dificuldades de se integrar, de amalgamar suas diferentes preocupações num grande projeto de País. Junto-me a todos que se identificam com esse pensamento, para fazer chegar o momento da integração. De inventar outra cultura política para nosso futuro. Vamos discutir democracia, educação, desenvolvimento, sem as amarras das ambições de poder como um fim em si mesmo, que diminuem e pervertem os sonhos e as intenções", afirmou Marina.
Avançar
No encerramento de sua fala, Marina Silva defendeu que o debate das eleições presidenciais de 2014 não pode ser o mesmo de hoje. Porém, ela não informou quais os planos para o próximo pleito. "As eleições de 2010 tiveram o papel de fazer a luta socioambiental abrir suas janelas e portas para a sociedade. Fizeram com que milhões de pessoas escolhessem uma proposta diferente. Agora é hora de ir mais fundo. A hora da verdade".
"Como alguém já disse, o ideal que move as pessoas para melhorar o mundo em que vivem, e onde no futuro outros irão viver, deve estar na popa e não na proa, a nos impulsionar para o futuro. Não é hora de ser pragmático, é hora de ser sonhático e de agir pelos nossos sonhos", concluiu a ex-senadora.
Um dos fundadores do PV, Alfredo Sirkis, que foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, confirmou também o seu afastamento da legenda. Ele reiterou que o movimento político anunciado hoje, capitaneado e reforçado com a saída de Marina "não se trata de mais um racha" partidário e descartou a criação de um novo partido formado por dissidentes. Segundo ele, neste momento, seria trocar "seis por meia dúzia".