O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, defendeu hoje, em São Paulo, no seminário ‘O Brasil que queremos ser’, em comemoração aos 40 anos da revista Veja, que o Estado tem condições de aumentar a produção de alimentos sem desmatar. Maggi, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o consultor da Organização das Nações Unidas para Bioenergia Luiz Augusto Horta Nogueira, foram os palestrantes do painel Conservação x Desenvolvimento. “Pelo levantamento que a Embrapa fez, se colocarmos todas as reservas e leis ambientais já criadas, o Brasil teria apenas 30% do seu território para utilizar, tanto com cidades como para a produção. Em Mato Grosso seriam disponíveis apenas 24% do seu território. Existe sim a possibilidade de aumentar a produção de alimentos sem a derrubada de novas florestas. A agricultura no Brasil pode produzir entre cinco a dez toneladas por hectare, dependendo da região do país, enquanto a pecuária produz uma média de 250 quilos de carne por hectare. O segredo é transformar o pecuarista também em agricultor”.
Os números do desmatamento da Amazônia mais uma vez foram abordados pela imprensa nacional. Após o término do debate, uma pergunta da platéia chamou a atenção sobre a dissonância entre os dados defendidos pelo Governo Federal e os apresentados por Mato Grosso. “Maggi tinha razão ao dizer que os dados estavam somando degradação e corte raso. Os números do desmatamento vem caindo, mas isto não é uma garantia”, respondeu o ministro Minc.
O governador fez um resgate histórico da ocupação da região amazônica e do centro-oeste, lembrando que foram pessoas consideradas heróicas por terem aceitado este desafio, e agora são rotulados de bandidos. “Isso é inadmissível. É preciso leis, e embargos, e isto está sendo feito. O pacote de maldades para aquele que mora na floresta chega todos os dias, mas as bondades do governo acabam se perdendo em corredores burocráticos. Esta pessoa que mora na floresta precisa receber pelo serviço ambiental que presta”.
Blairo detalhou que é necessário saber diferenciar os termos usualmente colocados à sociedade. “Uma coisa são as queimadas e outra são os incêndios. As queimadas é resultado de um processo de desmatamento. Os incêndios que acontecem na região centro-oeste são em sua maioria naturais. Existem estudos científicos que mostram que é necessário o fogo na região para que seja mantida a vida, como a fertilização de sementes de diversas plantas”.
“A vegetação do cerrado é diferenciada da do resto do país. O nosso combate é intenso contra os incêndios criminosos. Ficamos quatro, cinco meses sem a presença de chuvas no Estado. Mesmo onde se faz um controle absoluto da fiscalização, podem acontecer incêndios espontâneos”. Maggi ainda reforçou que todos os anos é noticiado que parques ambientais dentro do cerrado estão sendo destruído pelo fogo. “Se ele foi destruído em um ano, não há como ele ser novamente destruído no ano seguinte”.
Outro ponto apresentado durante o seminário foi à produção brasileira de biocombustiveis. “É da natureza que se obtém energia, independente da fonte. É o processo de se obter esta energia que gera os impactos ambientais. É um orgulho nacional o processo cientifico que o Brasil possui na produção do biocombustivel. O importante agora é saber em que locais se pode ampliar essa produção”, comentou o representante da ONU.
Luiz Augusto Horta elogiou que o nível do uso de agrotóxico nestas culturas produtoras de combustível foi aperfeiçoado e hoje é pequeno, principalmente no processo da cana. “O álcool da cana é hoje o melhor bioenergético do mundo”. Ele destacou que o biodiesel ainda necessita de muito avanço cientifico, uma vez que a área utilizada para a produção é praticamente a mesma utilizada pela cana para a produção de álcool, mas com uma quantidade final de produção muito menor.