O governador Blairo Maggi pode ter cometido nesta sexta-feira um dos atos mais grosseiros de sua administração contra o princípio da democracia: nomeou o defensor público Djalma Sabo Mendes para o cargo de defensor-geral. Na eleição para formação da lista tríplice, Mendes obteve pouco mais de 20% dos votos contra 71% da atual defensora-geral Karol Rotini. Djalma Sabo Mendes é sobrinho do atual presidente do SupremoTribunal Federal, ministro Gilmar Mendes. O escolhido de Maggi é também aliado do deputado federal Valtenir Pereira, do PSB.
A decisão de Maggi foi tomada no começo da noite e provocou espanto geral. Na decisão, pesaram as denuncias envolvendo a administração de Karol Rotini à frente da Defensoria Geral do Estado. Nos últimos tempos, ela é alvo de várias acusações envolvendo gastos excessivos de dinheiro público no exercício da função e irregularidades em licitações na Defensoria. As falhas foram questionadas em relatório do Tribunal de Contas do Estado e uma investigação está em curso no Ministério Público.
No início de outubro, o TCE realizou uma auditoria na Defensoria e revelou uma série de possíveis irregularidades praticadas pela atual gestão, tais como despesas com coquetel, buffet e refrigerantes por meio de adiantamento de R$ 3,1 mil e superfaturamento de 136,42% em despesa de locação de veículo. O relatório ainda indicou falta de apresentação de bilhetes de passagens aéreas que comprovariam viagens administrativas e uma suposta duplicidade de pagamento de despesa para uma empreiteira.
Rotini nega. Ela encaminhou respostas da Defensoria aos questionamentos apresentados em relatório do TCE que vão servir de subsidio para julgamento das contas de 2008 da instituição. Karol diz ter tomado essa iniciativa para deixar claro que não há qualquer ato de desvio ou má aplicação de dinheiro público na Defensoria. A defensora geral observou que todas as supostas irregularidades são equívocos formais, que podem e serão resolvidos com as medidas adequadas
No começo da semana, um grupo de defensores do Estado esteve com o governador Maggi. Eles encaminharam um manifesto assinado por 65 dos 117 defensores pedindo que fosse atendida a vontade da maioria e reconduzisse Karol Rotini para o cargo.
Ninguém, nem mesmo os aliados de Djalma Mendes, acreditavam que o governador iria partir no processo de enfrentamento contra os defensores. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, foi um dos que se diziam pasmo com a decisão de Maggi. “Inacreditável” – reagiu. Ele manifestou, por telefone, solidariedade e Karol Rotini e colocou a OAB à disposição para eventuais medidas judiciais.