A possibilidade de uma aliança entre PPS, PFL e PSDB já é palpável em Mato Grosso. Mesmo com os números das pesquisas eleitorais – que procuraram investigar a reação dos eleitores ante a união de ilustrados inimigos políticos – indicando que não seja o melhor caminho. A desistência de Roberto Freire em ser candidato presidente da República abriu todos os caminhos para os socialistas liderados pelo governador Blairo Maggi. A aliança deve ocorrer por questões de conveniência eleitoral. “Há interesse de todos, mesmo diante do quadro totalmente adverso no entendimento dos eleitores” – frisou uma fonte do PPS, que acompanha o desenrolar das conversas.
Se confirmar os encaminhamentos, será uma aliança histórica em Mato Grosso. De uma só vez, estará sendo reunido em torno de Maggi inimigos consagrados da política estadual. A começar pelos opostos PFL e PSDB, que por anos se digladiam pelo hegemonia do comando no Estado. De um lado, o PFL representado pelos Campos, com a ajuda dos Pinheiros; de outro, o grupo formado por Dante de Oliveira e Antero de Barros. Na eleição de 2002, o PPS conquistou o apoio do PFL.
Ao mesmo tempo que poderá ser histórica, essa aliança tem todos os contornos para ser desastrosa. O próprio argumento de que a unidade política entre eles seja para fazer prevalecer o projeto da candidatura a presidente da República, não cola. Todos os levantamentos já realizados até aqui indicaram rejeição eleitoral ante a possibilidade de aproximação, inclusive entre PFL e PSDB. “Sem contar que muitos ‘velhos aliados’ do governador poderão abandoná-lo por questão de espaço e valorização” – resumiu uma alta fonte ligada ao grupo do governador.
Explica-se: uma vez eleito, Maggi terá que montar seu Governo baseado nos diversos grupos políticos que o apoiaram a reeleição. Além do PFL, o PSDB terá que “ajudar a administrar” o Estado. A eles se juntarão ainda o PP do deputado Pedro Henry e José Riva; o PDT de Carlos Brito; e o próprio PMDB, que, até aqui indefinido, deverá manter, no mínimo, seu atual espaço no Governo. “Será quase uma torre de babel difícil de ser administrada” – interpreta a fonte ligada a Maggi.
A aliança em torno de Maggi interessa tanto ao PFL como ao PSDB. Os dois partidos enfrentam processos dilacerantes: ambos não dispõe de um nome para disputar o Governo do Estado. Os liberais chegaram a ensaiar o projeto da candidatura própria para tentar fazer prevalecer o projeto “Jaime Campos senador”. As estilingadas não surtiram efeito, sobretudo porque o nome escolhido para alavancar a proposta, do senador Jonas Pinheiro, não se sustentou: o próprio Pinheiro optou pela coerência e seguiu apoiando o nome de Maggi a reeleição. Já o PSDB tentou a todo custo viabilizar um nome para ancorar os projetos de Dante de Oliveira a deputado federal e de Antero ao Senado – podendo ainda ser candidato a deputado estadual. Não saiu do lugar. Já o governador quer vencer sem enfrentar grandes resistências.
Não há dúvidas de que Maggi vai enfrentar dificuldades para “gerenciar” os interesses com a coerência política já a partir da disputa eleitoral – aniquilada por falta de candidatos, uns por pura falta de disponibilidade e outros por envolvimento em esquemas que acabaram em escândalos. Aliás, internamente, dentro do PPS, Maggi já enfrenta grandes turbulências com a questão envolvendo o vice: de um lado, o grupo político do partido que deseja manter Iraci França; de outro, o núcleo próximo a Maggi, que defende o nome de Luís Antônio Pagot – que vem trabalhando para conquistar a postulação.
Por conta dessa disputa interna, diga-se de passagem, o governador Maggi já vem sendo tachado pelos aliados de primeira hora com desconfiança. Especialmente porque ao aceitar ser candidato ao Governo fez exigências, como a própria indicação de Iraci França para ser sua vida. “Maggi ainda não apreendeu que não deixa amigo na beira da estrada, pessoas que de uma forma ou outra ajudou e muito para ganhar o poder” – vociferou membro da ala que defende a manutenção de Iraci, ao criticar o comportamento do governador.