Em meio à crise política que atingiu em cheio o PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria cogitando abandonar a partido que ajudou a fundar há 25 anos. Caso se decida a trocar de legenda, o mandatário deve comunicar a iniciativa por meio de novo pronunciamento à Nação, domingo (nesta sexta ele discursou em cadeia nacional de rádio e TV e pediu “desculpas” pela crise).
De acordo com reportagem do jornal O Dia, a possibilidade de abandonar a sigla foi sugerida a Lula na última quinta-feira, quando o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha que o elegeu em 2002, admitiu ter sido pago com dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral e que os recursos foram enviados a um paraíso fiscal nas Bahamas. O chefe de Estado, porém, no momento pretende apenas que os integrantes do PT envolvidos no escândalo sejam expulsos do partido.
A estratégia de defesa de Lula tem sido, de fato, tentar desvincular o governo federal das ações da cúpula petista. Porém a possibilidade de deixar o PT criaria outro problema: qual partido poderia abrigá-lo com respaldo suficiente que garantisse uma campanha sólida de reeleição em 2006? A idéia de trocar de legenda iria satisfazer muitos integrantes da oposição, os quais pretendem enfraquecer o petista para derrotá-lo no pleito do próximo ano. A idéia de impechment também seduz muitos políticos do PSDB e PFL – principais opositores da gestão Lula
Por conta das revelações de Mendonça e de entrevista do ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL) à revista Época, na qual disse ter acertado com o PT o pagamento de R$ 10 milhões em troca de aliança entre os partidos em 2002 (supostamente com o conhecimento do presidente), Lula realizou nesta sexta-feira um pronunciamento à nação, antes de se reunir pela primeira vez com o corpo de ministros desde a última reforma da equipe. Em sua fala, o presidente se disse “traído” por aliados (sem mencionar nomes), deu a entender que não sabia das irregularidades e disse que o PT e o governo têm de “pedir desculpas” pelo escândalo.