O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou hoje em Fortaleza o entendimento de que o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é um golpe e afirmou que o vice-presidente Michel Temer, por ser jurista, tem essa noção também.
“Ele [Temer] é um constitucionalista, professor de direito, sabe que o que estão fazendo é golpe e sabe que vão cobrar isso do filho e do neto dele. A forma mais vergonhosa de se chegar ao poder é tentar encurtar um mandato, dando um golpe contra uma mulher da qualidade e da seriedade da presidenta Dilma Rousseff.”
Em uma parte de seu discurso, Lula disse que perdeu muitas eleições e que queria descansar, mas que vai não permitir “que haja golpe” no Brasil. "A melhor maneira de chegar ao poder é disputar eleições, ganhar eleições. Eu sou a experiência disso. Perdi muitas eleições, e quero que eles aprendam isso” disse.
O vice-presidente Michel Temer rebateu as declarações de Lula. Por meio de nota, a assessoria do vice-presidente declarou que “justamente por ser professor de direito constitucional, Michel Temer tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil”.
Clima de ódio
Lula também disse que o país vive um “clima de ódio”, nunca foi visto por ele durante sua trajetória política. “Será que é ódio pelo Minha Casa Minha Vida, pelo Bolsa Família? Eles precisam explicar por que [têm] tanto ódio da primeira mulher que governa este país. Resolveram tentar encontrar uma via fácil para derrubá-la. Foi só a coitada da Dilma começar a andar de bicicleta eles inventaram de cassar ela por conta de uma pedalada”, ironizou.
As chamadas pedaladas fiscais (atrasar repasses a bancos públicos referentes ao pagamento de benefícios de programas sociais) é um dos argumentos dos autores do pedido de impeachment da presidenta.
"Estou estranhando um pouco o que tá acontecendo no nosso país. Completei 70 anos de idade. Vivo nesse país fazendo política há 50 anos e nunca vi o clima de ódio estabelecido agora neste país. Parece que neste país tem duas coisas: aqueles que amam a democracia, aqueles que gostam de fazer política, que são do PT, do PCdoB, das centrais sindicais, e aqueles que são contra nós. Aqueles que têm as revistas, os jornais, a televisão, que são na verdade os responsáveis por esse clima de ódio que está estabelecido neste país", disse.