O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá convocar nos próximos dias o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), para discutirem a portas fechadas questões ambientais. Antes mesmo da posse, Minc “elegeu” Blairo como inimigo da floresta em declarações sobre desmatamentos ilegais na Amazônia e plantio de soja “até nos Andes”.
Maggi rebateu as declarações do novo ministro que afirmou, sem citar números, que o desmatamento aumentou 60% no Estado este ano, conforme deverá ser anunciado na segunda-feira, 26, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Eu ainda não conheço os números e acredito que em Mato Grosso vamos continuar tendo uma redução no desmatamento em relação à média do ano anterior. Se formos olhar o que vem acontecendo desde 2005 para cá, todos foram anos em que nós tivemos uma redução bastante grande do desmatamento”, disse Maggi, evitando polemizar com o Minc sobre números, a exemplo do que ocorreu com a ex-ministra Marina Silva.
Maggi lamentou que a “a pressão sobre o estado de Mato Grosso é maior do que nos outros estados, até porque nós temos aqui uma agricultura muito forte e uma pecuária mais forte ainda, o que não tem nos outros estados. Mas isso também não nos dá direito de aceitar o que está errado”, disse ele.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 22, o governo de Mato Grosso abriu nova polêmica com o Inpe. “Como acontece todas as vezes que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulga dados sobre o desmatamento na Amazônia, a fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) sai a campo para verificar ponto a ponto os dados divulgados referentes a Mato Grosso. O trabalho dos fiscais tem mostrado que os números do Inpe apresentam uma distorção, já que, em geral, os percentuais de desmatamento verificados in loco em Mato Grosso são menores, como o próprio Inpe já admitiu”, diz o texto.
Segundo a nota, a discrepância de número ocorre porque o Deter (Sistema de Detecção em Tempo Real – dados obtidos por satélite), usado pelo Inpe, emite alertas de desmatamento para qualquer modificação da floresta.
“Assim, antigas áreas já desmatadas, leitos de rios, ou até mesmo afloramentos rochosos são computados e são identificados como desmatamento. Isso já foi comunicado ao Inpe para que corrija tais distorções. Diante de relatório emitido pela Sema, entregue (em março) a ministros e ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o próprio Inpe admitiu que os dados referentes aos três últimos meses de 2007 não estavam corretos”, informa.
Disposto a debater questões ambientais e defender seu Estado, Maggi classifica como “mascarados” e precipitados os dados do Inpe. “Sempre que desmatamentos ilegais são detectados no Estado, por equipes de fiscalização da Sema, o governo do Estado age com rigor, embargando propriedades e multando proprietários.
Como foi feito recentemente com o embargo de oito propriedades, com cerca de 15 mil hectares, que acarretou aos infratores multas de aproximadamente R$ 4,5 milhões, de acordo com a legislação ambiental em vigor”, diz a nota divulgada.
O assessoria de imprensa do Inpe não adiantou ao Estado os números do relatório citados por Carlos Minc e nem quis comentar as declarações do governo de Mato Grosso.