O apresentador de televisão e deputado federal Lino Rossi, do PP, acusado de ser o principal articulador do esquema dos sanguessugas no Congresso Nacional, encaminhou nesta terça-feira seu pedido de suspensão de registro de candidatura ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Já informou obviamente ao governador Blairo Maggi, que lidera a aliança partidária na qual seu partido está incluído. Agora, vai se dedicar a se defender das acusações e enfrentar as provas que o próprio Congresso Nacional e a Justiça Federal colheram contra seus atos. “A verdade vai aparecer” – ele disse esperar, ao anunciar sua decisão de abandonar a disputa eleitoral.
Rossi é a primeira vítima de um escândalo que envolveu o desvio de milhões de reais dos cofres públicos e movimentou uma máquina considerada fantástica. O valor usado para pagamento de propinas ainda está sendo contabilizado. Além do deputado federal do PP, há mais políticos de Mato Grosso acusados de participação no esquema; quando nada, se beneficiando do desvio. São eles: Wellington Fagundes (PL), Celcita Pinheiro (PFL), Pedro Henry (PP) e Ricarte de Freitas (PTB). Outro nome envolvido é o da senadora Serys Slhessarenko (PT).
Ao anunciar sua decisão – tomada na segunda-feira – Rossi não se viu vítima das denúncias em que aparece como um dos “sanguessugas”. A principal razão para deixar de concorrer, segundo ele, é a falta de dinheiro. Ele confirmou que, de fato, é amigo dos Trevisan Vedoin, mas negou que tenha procurado beneficiar municípios com emendas para aquisição de ambulâncias. Admitiu, porém, ter sentido o impacto das acusações, especialmente do Grupo Gazeta de Comunicação, onde ganhou projeção em programas de forte apelo popular. Confirmou as mágoas e lembrou que é uma pessoa que vive em dificuldades: “Desde 2000 meu nome está no Serasa” – salientou.
Lino crê, piamente, que vai se safar do escândalo e garante que não tem culpa no cartório. Porém, evitou traçar linhas de defesa. Como nos programas de televisão que apresentava quando atacava especialmente as autoridades policiais, o parlamentar procurou demonstrar confiança e destemor. “Política é só para fortes” – disse, com efeito, depois de lembrar as traições que sofreu, especialmente no ano em que enfrentou Jaime Campos pela Prefeitura de Várzea Grande e acabou sozinho. Lino promete volta por cima. Mas, por enquanto, é vítima do esquema que sangrou os cofres públicos.
Na busca de provar sua inocência, Rossi não terá vida fácil. O homem que ele chama de amigo não tem o poupado. Documentos entregues por Luiz Antonio Vedoin contra mais de uma centena de congressistas, ex-congressistas, prefeitos e outros integrantes do Executivo é farto contra o político do PP: são 152 páginas com cópias de cheques que teriam sido repassados ao parlamentar, cópias de depósitos bancários na conta do deputado, além de outros documentos como uma nota fiscal da compra de vários eletrodomésticos que teriam sido entregues a Rossi.
Segundo Vedoin, Rossi foi o primeiro parlamentar a manter contato com a Planam. Com ajuda dele, a empresa teria ampliado seu leque de contatos no Congresso. O esquema começava com a garantia de emendas ao Orçamento Geral da União para aquisição de ambulâncias. Feito isso, o esquema estava todo montado: o convênio entre ministério e prefeituras era assinado, o dinheiro repassado, a licitação marcada garantia vitória da Planam e o dinheiro produto do superfaturamento dividido entre as partes.