O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), negou hoje (24) que tenha recebido dinheiro proveniente do pagamento de propina sobre contratos da Petrobras, no esquema desmontado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ele respondeu a matéria veiculada ontem (23) pelo jornal O Estado de S.Paulo, acusando-o de haver recebido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado, em 2010.
“Eu entreguei já, ao presidente da CPI do Senado, da CPI mista, ao procurador-geral da República e ao ministro do Supremo [Tribunal Federal], responsável por esse processo, não só a minha disposição para quaisquer esclarecimentos, como os meus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Eu não tenho nada a temer. Durante minha vida pública sempre atuei de maneira idônea”, declarou o líder petista.
Segundo a reportagem, o repasse do dinheiro foi feito por meio de um empresário pernambucano, amigo de Costa, com dinheiro saído da cota do Partido Progressista no esquema de corrupção instalado na Petrobras. A matéria é baseada em depoimento do ex-diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça.
Humberto Costa admite que conheceu Paulo Roberto e esteve com ele em diversas situações, tanto em Pernambuco quanto em Brasília, para tratar da construção da Refinaria de Abreu e Lima, em seu estado. Segundo o senador, eles faziam parte “do mesmo governo”, e por isso tinham contato. Costa também admite a relação de amizade com o empresário citado, mas nega que ele tenha recebido dinheiro, em seu nome, para a campanha, e não acredita que o amigo tenha feito isso sem autorização.
“Minha relação com ele vem de muito tempo, é uma relação de amizade. E estivemos juntos no processo de luta pela refinaria, como alíás, vários políticos, empresários e diversos setores da sociedade pernambucana. Ele mantinha também, com esse cidadão, uma relação institucional, e jamais ele me pediu ou eu dei a ele autorização para solicitar recursos para a minha campanha, em 2010”, declarou.
O líder do PT também disse não acreditar que o dinheiro tenha sido solicitado por seu partido, sem o seu conhecimento, e negou que sua campanha tenha recebido qualquer recurso irregular. “O PT, todas as vezes que apoia qualquer um de seus candidatos, o faz pela via legal, não o faz por qualquer via que não seja legalizada”, afirmou Costa.
Por fim, o senador questionou a veracidade das informações divulgadas, disse não saber se o depoimento divulgado pelo jornal tenha sequer existido, ou se Paulo Roberto possa ter mentido sobre o repasse de propina para sua campanha. Ele criticou o vazamento de informações que deveriam ser sigilosas sobre o processo, e disse que “esse sigilo que está sendo colocado aí só vale para alguns. As próprias pessoas que estão sendo acusadas, vilipendiadas, não têm acesso a essa delação premiada para que possam se manifestar e tomar as decisões legais cabíveis. Além do mais, se fala em 250 parlamentares e até agora só se tem notícia de alguns. Não quero fazer prejulgamento, mas acho tudo muito estranho”.
Além disso, Humberto Costa também rebateu a hipótese de que o PP repassaria para ele o dinheiro proveniente da cota do partido, no esquema de propina. “Não consigo entender porque é que um partido vai dar apoio financeiro ao candidato de outro partido. Pelo contrário, o que vejo são os partidos chorando porque não têm recurso para fazer suas campanhas”, alegou.