O vice-líder do PSDB na câmara, deputado Nilson Leitão, interpelou, ontem à tarde, durante audiência pública na Câmara, na comissão de Agricultura, os ministros da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e do Ministério da Justiça, José Eduardo Cardozo, que foram convocados para prestaram esclarecimentos sobre os assassinatos de produtores no Rio Grande do Sul, há cerca de 40 dias. Os relatos feitos durante a reunião são que inúmeras famílias estão desalojadas, vários produtores foram mortos no Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e demais Estados. Leitão disse aos ministros que, neste momento, é necessária uma ação emergencial urgente que coloque fim aos conflitos por terras entre índios e agricultores.
“Eu poderia ser agressivo ao tratar desse assunto, mas estamos aqui para por fim a todos esses conflitos, pois estamos cansados de não ter resolução. Os produtores compraram as propriedades, pagaram todos os impostos, construíram suas casas, houve a desintrusão e agora eles estão jogados na rua. Passaram a ser vistos como criminosos sob a alegação de terem invadido área indígena, como caloteiros por não terem pagado os empréstimos bancários, pois tudo foi destruído, e ainda são considerados favelados por estarem morando na rua. E agora, como o governo atende esse povo? O pós desintrusão é ou não dever do governo? Se é, porque todos estão em situação de miséria?”, questionou o deputado.
Cardozo disse que foi convidado para falar sobre a morte de produtores rurais no Rio Grande do Sul e as questões abordadas foram mais abrangentes. O ministro defendeu que haja um diálogo para mediar os conflitos, mas disse que os dois lados tentam “apagar o fogo com querosene”. Segundo ele, a violência que vem ocorrendo é culpa das lideranças rurais e indígenas que estão à frente das questões de demarcação de terras.
Em outro momento da audiência, Leitão questionou o ministro do real motivo por não ter feito esses debates no momento que era correto. “Eu mesmo tenho mais de 10 ofícios pedindo para fazer mesas redondas unindo índios, produtores e o governo para debater, mas não houve. Depois solicitei um encontro do ministro com o governo do estado e não fomos atendidos. Não houve nenhuma conciloacao! O governo não quis atuar nesse caso, o governo falhou. Agora, não é mais hora de debater, temos gente morrendo. É hora de agir e colocar um fim a esses conflitos!”, cobrou.
Na opinião de Cardozo, não é correto afirmar que o Executivo federal "se omite" em relação aos conflitos indígenas no. Ele alegou aos deputados da Comissão de Agricultura que cabe ao governo incentivar e mediar às negociações, para que as disputas possam ser resolvidas sem a necessidade de “judicialização”, que na avaliação dele, irá prolongar ainda mais os conflitos.
O deputado mato-grossense finalizou dizendo que o objetivo de todos os parlamentares ali presentes tem o mesmo objetivo em prol da causa. “O que nós pedimos ao ministro é que trabalhe por um acordo entre os índios e os produtores. Do jeito que está não dá mais, chegamos ao limite”, expôs.