O deputado federal Nilson Leitão, vice-líder do PSDB, defendeu que as investigações contra o presidente da câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tenham prosseguimento no no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o parlamentar mato-grossense, há indícios de que o peemedebista tenha dinheiro irregular em contas na Suíça. “A investigação corre paralelamente ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Uma coisa não conflita com a outra. Então, na minha opinião, tem que ser apurado, porque ele (Cunha) pode ter cometido um crime. Dentro da câmara já fizemos nosso papel que é instaurar um processo no Conselho de Ética”, afirmou, ao Só Notícias.
No início de novembro, ao saber que a bancada do PSDB havia formalizado seu pedido de afastamento, Eduardo Cunha teria “descontado a raiva” em Nilson Leitão, vice-líder dos tucanos no Legislativo. Testemunhas relataram que o presidente da câmara teria chamado o partido de “ingrato”, vez que teria contemplado a oposição com espaço na Mesa Diretora e funções de destaque nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Conforme Só Notícias já informou, Eduardo Cunha foi acusado de participar do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Dados enviados pela Suíça à Procuradoria Geral da Suíca (PGR) teriam comprovado a ligação do peemedebista com contas secretas no exterior. A hipótese investigada é que o dinheiro tenha sido desviado da Petrobrás. No Conselho de Ética, Cunha pode ter o mandato de deputado cassado.
O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), convocou para a próxima terça-feira, às 9h30h, uma reunião do colegiado para apresentação e votação do relatório do deputado Marcos Araújo, que assumiu ontem a relatoria do processo contra Eduardo Cunha. Para garantir que a apreciação do relatório não seja atrapalhada por manobras de aliados do presidente da Câmara, Araújo já convocou reuniões do Conselho também para a tarde de terça-feira e para quarta-feira (16), manhã e tarde.
A sessão de ontem foi marcada por várias manifestações de apoio ao ex-relator do colegiado Fausto Pinato (PRB-SP), substituído pelo deputado, Marcos Araújo. O presidente do Conselho ressaltou que, apesar de ter cumprido a ordem da primeira vice-presidência da Casa de afastar Pinato, vai recorrer da decisão. Araújo disse que, antes da escolha do relator, foi orientado pela Secretaria-Geral da Mesa de que, no momento do sorteio para escolha do relator, o bloco político que estaria valendo seria o bloco atual, e não o arranjo político do início da legislatura.
Pelo regimento, parlamentares do mesmo bloco ou estado do representado não podem ocupar o cargo. Atualmente o partido de Pinato, o PRB, não faz parte do bloco do PMDB, mas, no início da legislatura, Pinato compunha o bloco de Cunha. “A SGM disse que o bloco a ser seguido era o novo bloco. Foi a informação que tivemos à época. Se fomos induzidos ao erro, paciência”, esclareceu.
O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), considerou a informação dada pela Secretaria-Geral da Mesa gravíssima. “Se o vice-presidente tomou uma decisão contrária ao entendimento existente, é uma informação muito grave”, criticou.
Pinato agradeceu o apoio que recebeu de parlamentares governistas e oposicionistas e disse que pessoalmente não vai "mover uma palha" para voltar à relatoria. “Eu acredito na maioria desse Parlamento. A decisão foi feita monocraticamente. Confio nessa presidência e na grande maioria dos parlamentares que representam o país. Caso façam algum recurso para eu voltar e eu não volte, quero dizer da confiança [que tenho] no novo relator. Podem me tirar a relatoria, mas continuo sendo segundo vice-presidente desse Conselho de Ética”, disse o ex-relator do caso.