A iniciativa de lei municipal que disponha sobre matéria que reclama a existência de previsão orçamentária, que disponha sobre direito de servidor público municipal, cabe ao Poder Executivo. A partir desta prerrogativa o Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso concedeu por unanimidade a liminar impetrada pelo prefeito de Nobres contra a Câmara de Vereadores, que criou lei dispondo sobre o direito de servidor público municipal de gozar de três meses de licença prêmio por assiduidade a cada qüinqüênio ininterrupto de serviços prestados.
O prefeito aduziu vício de iniciativa na Lei Municipal 1.094/2009, promulgada pela Câmara Municipal em 30 de março deste ano, sustentando usurpação de competência. Lembrou que a Constituição Estadual prevê a iniciativa privativa do chefe do executivo para legislar sobre servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria de civis, reforma e transferência de militares para a inatividade. Solicitou a suspensão liminar da eficácia da norma até decisão final.
O relator da ação de inconstitucionalidade, desembargador Juracy Persiani destacou que "essas matérias de competência privativa do Governador foram repetidas na Lei Orgânica do Município de Nobres, por similaridade, em seu art. 32, § 1°, inciso III, e estabelece ser da competência do Prefeito Municipal a iniciativa de leis que disponham sobre servidores públicos municipais e seu regime jurídico". Por isso, por verificar a aparente inconstitucionalidade e que a vigência da lei municipal poderá acarretar graves transtornos e situações de difícil reparação, foi deferido o pedido liminar para suspender a eficácia e retirar a aplicabilidade da Lei nº 1.094/2009.