A família Campos tem seu primeiro dissidente. É o empresário Júlio Domingos de Campos Neto, filho do ex-prefeito, ex-governador, ex-deputado federal, ex-senador e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e agora aposentado Júlio Campos. O jovem integrante do clã confirmou, através de carta enviada nesta sexta-feira para o Partido Democrata, o DEM, sua desfiliação da sigla.
Deixar o partido que se confunde com sua família pode até ser compreensivo. O difícil de se entender é a forma como o jovem empresário resolveu deixar a sigla, disparando farpas contra os caciques do partido e, por tabela, nos principais nomes de sua própria família, o pai Júlio Campo e o tio Jayme Campos, que também já foi prefeito de Várzea Grande, governador do Estado e hoje é Senador.
Bem ao contrário dos irmãos Júlio e Jayme, que podem ter divergências, mas não lavam a roupa suja em público, Jaime Neto não poupou ninguém. Chamou seu pai de “covarde” ao aceitar a decisão do DEM em manter em suas fileiras o dissidente deputado Wallace Guimarães, que na última campanha bandeou para a oposição, defendendo Murilo Domingos e emplacando esposa e até motorista particular em cargos chaves da administração Murilo. Quanto ao tio Jayme, disse que este está ultrapassado para a política e não tem capacidade para disputar o governo do Estado em 2010.
Pulando do berço onde se formou politicamente, Jaime Neto diz ainda que o DEM se desfigurou e por isso resolve deixar o partido, as opiniões da família e seguir por caminhos próprios sua carreira política, que sequer começou. Quer disputar uma cadeira na Assembléia Legislativa.
Resta saber se atacando pai e tio, o jovem empresário vai conseguir cativar o eleitorado várzea-grandense, seu reduto. É bom lembrar que tanto Jayme quanto Júlio são queridos na cidade, em que pese a derrota na eleição do ano passado. São catalisadores de votos. Ir contra a estes esteios familiares, tentar projeção própria sem apoios importantes pode ser um tiro no pé. Neto ainda não tem a experiência do pai e do tio, que engolem “sapos” para manter a harmonia do partido e do grupo político. Ainda tem muito o que aprender.