Pela primeira vez ao longo da atual legislatura, a coordenação de bancada dos representantes do Estado no Congresso Nacional poderá ser decidida através da “disputa”. Ainda longe de um consenso, o gestor da função, Eliene Lima (PSD) e o deputado federal Júlio Campos (DEM) articulam apoiadores para um embate velado que aponta tendência de vitória do democrata, se persistir a falta de unidade em torno do tema. Júlio prefere não revelar nomes, mas assegura possuir oito votos favoráveis para eventual substituição do pessedista. O assunto deve ser discutido amanhã, em reunião da bancada.
A coordenação de bancada federal vigora pelo período de um ano, tendo encerrado em março a gestão de Eliene Lima. Cabe ao detentor do posto fazer a interlocução junto ao Congresso, governo federal além de dar respaldo aos interesses do Estado e municípios de Mato Grosso. Coordenador da bancada do Centro-Oeste, Wellington Fagundes (PR) e o deputado (falecido) Homero Pereira (PSD) estiveram à frente da função na atual legislatura.
Tradicionalmente, prevalece a preferência de que a vaga seja ocupada por um representante de legenda da base aliada da presidência da República. Por ser ano eleitoral, a batalha pelo comando dessa função toma pro- porções maiores, devido ao “peso político” do cargo. Eliene deve disputar a reeleição. Por outro lado, Júlio Campos ganha um ponto nesse quadro, porque tem ostentado insisten- temente “que não é candidato à reeleição”
Oficialmente, a maioria da bancada federal prefere destacar que o tema será definido com base numa escolha consensual. Não é isso que mostram os bastidores. Senador Jayme Campos (DEM) tem articulado respaldo para
Júlio, com possível aval da bancada no Senado, ou seja, três votos para o democrata. Na Câmara dos Deputados, a força do democrata teria conquistado a preferência. Eliene contaria com simpatia até o momento dos deputados Carlos Bezerra (PMDB), Wellington Fagundes e Ságuas Moraes (PT).
Presidente estadual do PSDB, deputado federal Nil son Leitão, é um dos defensores de Júlio para ocupar o cargo, tendo se dedicado nos últimos dias para assegurar a substituição do coordenador. A chance de Júlio Campos vencer o embate interno abre novas perspectivas para fortalecimento do bloco da oposição no Estado, que poderá passar a ter mais vez e voz no Congresso Nacional. O DEM já deu início aos planos para reeleger Jayme, sem dispensar análise para construção de projeto próprio.