O deputado federal Júlio Campos (DEM) afirmou, hoje, em entrevista a uma emissora de TV de Cuiabá, que após encerrar seu mandato no final do próximo ano, pretende se aposentar. “Já dei minha colaboração. São 42 anos de mandato”, afirmou o parlamentar.
Para justificar a aposentadoria, Júlio diz que não pode mais suportar os desmandos no país. Ele cita como exemplo o caos em áreas como saúde, educação e segurança pública, enquanto os gestores gastam o dinheiro do povo. “Hoje há um empreguismo generalizado, tanto no governo federal, quanto no estadual e municipais. O poder público gastando milhões com a construção de prédios. Cada Tribunal construído em Brasília são milhões de reais gastos como se fosse um país rico, e não tem um tostão sequer para construir uma Santa Casa, um hospital no interior, uma UTI infantil”, destacou o deputado.
Ele afirma que há um verdadeiro “fingimento” no Congresso Nacional. “Não posso continuar com esse fingimento que está acontecendo lá no Congresso Nacional. Fazem de conta que estão ouvindo as vozes das ruas e, na verdade, estão apenas se preparando para outra disputa eleitoral. Por isso a minha decepção em não querer mais nem disputar nenhum mandato. A gente fica lá só vetando medida provisória e fingindo que está legislando. Eu não estou mais a fim. Minha idade já não permite”, desabafou.
Ele avalia que o Congresso está cada dia pior. “Temos que conscientizar nossos deputados e senadores que estamos lá para trabalhar pela população e não por interesses políticos e partidários e individuais. Infelizmente o Congresso piorou muito. O nível do Congresso Nacional é o pior possível, tanto a Câmara Federal quanto o Senado. Eu fui deputado federal em 1978, quando todos os parlamentares moravam em Brasília com suas famílias, e trabalhávamos de segunda a sexta. Hoje não. Hoje o Congresso trabalha terça e quarta. Na quinta-feira já está todo mundo indo embora. Não se discute mais assunto sério neste país”, afirmou.
Quanto às eleições do próximo ano, o parlamentar não esconde o pessimismo. “Eu acho que uma das piores eleições que vai ter, será a do ano que vem porque não teve a reforma eleitoral, como a população gostaria que tivesse. Mas uma reforma séria, justa”. Além disso, o deputado, que acumula 42 anos de vida política, se diz contra a reeleição. “A desgraça desse país é a reeleição. Isso vai forçar a renovação da política e abrir espaço para jovens, para as mulheres, para os segmentos mais humildes”.
Júlio Campos já foi prefeito, governador, senador, deputado federal e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).