“Água e óleo não se misturam”. O dono dessa máxima é o falecido político Dante de Oliveira, proferida na época em que articulava a reeleição ao Governo, quando pairou a possibilidade de o PMDB, partido pela qual militou por décadas, vir a apoiar Júlio Campos, então candidato a governador pelo PFL. Pois bem! Água e óleo se misturaram e deu no que deu: Júlio e Carlos Bezerra,expoente da sigla naquele instante, foram derrotados. Dante, maior adversário político dos Campos, agora deve estar revirando na tumba. Seu partido, o PSDB, poderá ser um dos aliados de Júlio Campos na eleição para prefeito de Várzea Grande. Pode ser que dê alguma coisa.
Ainda não é certo, mas tudo caminha para tal. Convicto de que será o candidato do DEM, antigo PFL, a sucessão de Murilo Domingos, do PR, Júlio Campos já arregimenta forças fora da sigla. Nesta quinta-feira, ele almoçou com dirigentes da sigla tucana baseada na Cidade Industrial. O argumento é até interessante para que a aliança se caracterize: DEM e PSDB são oposição, cada qual a sua maneira, ao presidente Lula. As duas siglas, que pensam diferente, juntam forças em Brasília.
O resultado do almoço ainda não dá para indicar que Júlio Campos e tucanos são aliados. A reunião desta terça, na verdade, foi apenas a primeira conversa de âmbito partidário. Até porque, em Várzea Grande, as coisas não se decidem pelo método convencional da política. Em verdade, do outro lado da ponte, o modelo é diferente, baseado na tradição familiar e linhagens de parentescos. Para se ter uma idéia, uma vaga idéia, Nossa Senhora do Livramento, um minúsculo município a caminho de Poconé, influencia o processo político na segunda maior cidade de Mato Grosso.
A rigor, dá para se dizer que a configuração política em Várzea Grande é quase abstrata. Todavia, os tempos são outros. Política partidária um dia chegaria em Várzea Grande. E chegou! Migração e outros eventos dos tempos modernos dão sentido a novas formas de agrupamento – embora a influência do compadre ainda tenha peso preponderante. Seja como for, por aqui, PSDB é PSDB e DEM é DEM. PSDB tem como líder maior o falecido Dante de Oliveira. No DEM, os Campos dominam a sigla. Se nunca se misturaram, agora pode ser que se misturem. Júlio, pelo menos, acredita nisso. “Ele demonstrou muita vontade de ser candidato e fala com orgulho de resgatar para Várzea Grande o título de Cidade Industrial” – disse um dos presentes.
Do movimento do ex-quase tudo na política de Mato Grosso, se depreende um outro sinal. Júlio Campos considera as prévias criada pelo DEM para escolher entre ele, o deputado Wallace Guimarães, o médico Arilson Arruda, e o empresário Toninho da Grafitte, algo como um factóide político-partidário. A julgar pelo comportamento, nem Wallace Guimarães acredita mais na possibilidade de ver as pesquisas de desempenho eleitoral prevalecerem. Júlio vai seguindo “soberano”.
Há ainda que se considerar outro aspecto: a eleição em Cuiabá. Assim como Livramento influencia em Várzea Grande, o “case” político de Várzea Grande influencia em Cuiabá. E Wilson Santos sabe disso. Tanto que nesta terça-feira, ele esteve reunido com o senador Jaime Campos para tratar sobre os caminhos que as legendas podem tomar nas eleições municipais. No encontro, esteve presente o presidente do diretório regional do DEM, ex-conselheiro Oscar Ribeiro. Santos garante que a discussão com o DEM se refere apenas a 2008. “Nós estamos em 2008 e discutimos as eleições municipais. Em 2010, discutiremos a sucessão estadual” – frisou.