O juiz da 6ª Zona Eleitoral, Geraldo Fernandes Fidelis Neto, afirmou que os senadores Serys Marli (PT), Jayme Campos e Gilberto Goelner do DEM, “foram mal informados” ao afirmar no Senado que a eleição municipal em Cáceres foi marcada pela compra de votos e abuso de poder econômico por parte da atual administração municipal. A eleição foi vencida pelo atual prefeito, Ricardo Henry, do PP, por uma diferença de 522 votos.
Para o magistrado, que se destacou comandando o Movimento Pelas Eleições Limpas, ao lado do Ministério Publico Eleitoral e da Associação Comercial, os três senadores agiram desta maneira porque são partes interessadas, que se frustraram com suas pretensões políticas futuras. Serys, Jayme e Goelnner apoiaram Túlio Fontes, que já foi prefeito na cidade.
No entanto, o mais grave, segundo o juiz, é que os três manipularam a imprensa estadual para tentar manchar a imagem da Justiça Eleitoral que fez um trabalho histórico na eleição municipal. “Os três não estiveram aqui no dia da votação e não tem provas que comprovem a existência de qualquer ato ilícito na nossa eleição. Mas, mesmo assim eu os desafio a apresentar provas de compra de votos” provocou o juiz afirmando que não vai permitir que pessoas com interesses políticos, pisem num trabalho sério e manchem o nome de Cáceres. “Estas foram às eleições mais limpas da história de Cáceres”, disparou.
De acordo com o juiz, dos 151 processos abertos durante o processo eleitoral, 97 já foram julgados. O restante está aguardando a conclusão de inquéritos na Policia Federal e manifestações do Ministério Público Eleitoral.
“Tenho até a primeira quinzena de dezembro para julgar todos, por isso estou muito tranqüilo para decidir”, ponderou afirmando que entre os processos julgados e a serem julgados há ações de Curvelândia, que pertence a 6º Zona Eleitoral.
Geraldo Fidelis afirmou que em nenhum dos 97 processos encontrou indícios que pudessem culminar com a cassação de candidatos eleitos e suplentes. “Pode ser que surja algo nos processos remanescentes, mas até o momento não há nada que altere o resultado da eleição”, esclareceu.
Com relação às denuncias feitas pelos candidatos derrotados, Túlio Fontes (DEM) e Wilson Kishi (PDT), na OAB e na Assembléia Legislativa em Cuiabá, o juiz lamentou a atitude dos ex-candidatos que também estão usando a mídia para colocar em duvida o trabalho da Justiça Eleitoral.
“Eu quero que os dois apresentem a Policia Federal e a Justiça Eleitoral provas que comprovem as denuncias de compra de votos. Se isso acontecer, serei o primeiro a fazer cumprir a lei”, explicou Fidelis, lembrando que sem provas não há crime.
Geraldo Fidelis lembrou que trabalhou muito para dar a isenção necessária ao processo eleitoral. Ele citou como exemplo o indeferimento de uma liminar no dia da eleição relacionada a uma suposta contratação irregular de servidores pela prefeitura de Cáceres. “Assinei a sentença no dia da eleição para que ela não fosse usada como elemento de campanha”, disse.
Ainda com relação a esse tipo de influência, o juiz criticou o uso da imprensa para fins políticos no episodio da liminar concedida pela Justiça Federal que suspendeu a programação da TV Pantanal por conta de um suposto processo de monopólio. “A sensatez e a cautela que teve a imprensa de Cáceres faltou aos grandes veículos do Estado que não mediram as conseqüências da publicação na reta final do processo eleitoral” – criticou.