Imagine a chapa: Pedro Taques, ainda sem partido, e Mauro Mendes, do PSB, candidatos ao Senado Federal e Jayme Campos, do Democratas, ou Wilson Santos, do PSDB, ao Governo. Por mais que socialistas como Mendes e tucano como Wilson Santos sejam uma espécie hoje de “água e óleo” por conta das eleições de 2008 a Prefeitura de Cuiabá, essa chapa é possível. Pelo menos na avaliação do senador Jayme Campos. Sobretudo se ele for o candidato escolhido da aliança DEM-PSDB, cuja decisão sairá em pesquisa de densidade eleitoral que começará no final do mês.
“Eu tive uma conversa com o Mauro e mostrei isso a ele. Aqui ele tem espaço para disputar com tranqüilidade uma candidatura ao Senado, sem o menor constrangimento” – revelou o senador democrata. O encontro aconteceu em Brasília, numa dessas muitas idas do socialista à Capital Federal. Caso o candidato seja Wilson, o apelo a união dos dois seria em torno do que Jayme chama de “novo projeto político para Mato Grosso”.
Sobre Pedro Taques, há uma incógnita. Jayme Campos disse nesta quarta-feira, em entrevista à Rádio CBN, que teve uma conversa muito tempo atrás, sem maiores prospecções. Apenas colocou o DEM de portas abertas ao procurador da República. Contudo, fontes da sigla partidária garantem que o assédio sobre Taques pelos democratas vem aumentando consideravelmente. Um dos interlocutores para convencer Taques a entrar no DEM seria o senador Demóstenes Torres, de Goiás, que também foi membro do Ministério Público e é considerado um dos políticos mais respeitados na atualidade na Capital Federal.
A tese levantada por Jayme Campos com Mendes ao Senado, junto com Pedro Taques, e ele ou Wilson como candidato ao Governo, em verdade, responde com antecedência a estratégia que o presidente do PPS, deputado Percival Muniz, lançou em público, qual seja, o de tentar atrair o DEM e o senador Campos para o projeto de liderar a chamada Frente “Mato Grosso Muito Mais”, que tenta ser montada para sustentar o projeto de candidatura de Mendes. O PSB também revelou que iria “atacar” as bases partidárias das siglas adversárias, incluindo o PT.
Campos garantiu que não existe, atualmente, a menor possibilidade de esfacelamento do acordo DEM-PSDB. Segundo ele, a aliança atende uma recomendação nacional do partido, que deseja formar ampla base de apoio nos estados à candidatura do governador de São Paulo, José Serra, para a disputa presidencial. “Não recuamos um centímetro sequer do que foi acordado. Quem estiver melhor, será o candidato” – disse. Jayme Campos, que já foi governador, disse ainda que espera pelo PPS e pelo próprio Partido Progressista, o PP, em apoio a aliança.
“Espero que venham somar conosco” – disse, admitindo que, em comparação a Wilson Santos, tem mais trânsito político junto a esses partidos, mas que, por outro lado, acredita que no momento adequado das definições, caso a escolha recaia sobre o prefeito de Cuiabá para ser o candidato ao Governo, não haverá maiores problemas. “Não vejo, honestamente, qualquer dificuldade” – disse, ao dizer que acredita que “um bom diálogo, um bom entendimento é perfeitamente possível”.
Ao mesmo tempo que descartou liderar o projeto de Mendes ao Governo, Campos também deu por encerrada qualquer hipótese de uma aproximação com a aliança do PMDB-PR em apoio ao nome de Silval Barbosa. “Não faço política de cartas marcadas” – ressaltou, ao destacar a falta de espaço. “Para mim, chance zero” – descartou. Ele disse que, internamente, no DEM, a situação se repete “salvo um ou outro companheiro que discorda da nossa aliança com o PSDB” – se referindo ao deputado Gilmar Fabris, que vem vociferando a favor do acordo do DEM com os partidos que integram a base de sustentação do Governo.