Mato Grosso que já desperta a atenção do mundo pela sua capacidade produtiva do agronegócio começa a ampliar sua matriz econômica, sendo que para isto necessita de dois tipos de investimentos fundamentais, logística de transportes (rodovias, ferrovias, hidrovias) e energia elétrica.
Partindo desta premissa, mais de R$ 20 bilhões serão investidos nos próximos anos para a construção de cinco Usinas Hidrelétricas que serão responsáveis pela geração de 3.450 MW, energia suficiente para abastecer 12 milhões de lares no Brasil. Fora isto, estes recursos permitirão a instalação de outras PCHs Pequenas Centrais Hidrelétricas que gerarão outros 1.312 MW e também para as obras de reforço e novas linhas de transmissão para interligar essas unidades que estão todos ao longo do Complexo do Rio Teles Pires, no Norte de Mato Grosso já na divisa com o Pará.
"É um passo decorrente do crescimento econômico que estamos vivendo e que será alavancado pela industrialização de nossos produtos primários e semi elaborados", disse o governador Silval Barbosa, sinalizando que somente a Usina Teles Pires (1.820 MW) que tem um custo estimado da ordem de R$ 4 bilhões é a maior obra em andamento no Brasil.
As Usinas Hidrelétricas do Complexo do Teles Pires são: Teles Pires (1.820MW); São Manoel (747 MW); Sinop (461 MW); Colíder (342 MW) e Foz do Apiacás (275 MW). Resta ainda os levantamentos da Salto Magessi (53 MW) que ainda não teve se estudo de impacto ambiental realizado e as Pequenas Centrais Hidrelétricas PCH que estão em fase de construção ou liberação.
"Isto aqui vai virar um verdadeiro canteiro de obras que trará prosperidade e a tão sonhada industrialização", disse Silval Barbosa, reconhecendo e dando valor as criticas de ambientalistas contrários a instalação de usinas na Região Amazônica, mas ponderando que todos os cuidados, estudos e investimentos necessários para amenizar os impactos estão sendo adotados pelas próprias empresas executoras das obras dessas unidades.
O chefe do Poder Executivo lembra que grande parte das reclamações dos complexos industriais de se instalarem em Mato Grosso alega a questão da logística de transporte para retirada da produção e a questão da disponibilidade de energia elétrica, afirmando que existindo demanda de energia e capacidade de atendimento, Mato Grosso terá um verdadeiro "boom" no seu desenvolvimento que já caminha a passos largos.
O governador sinalizou que os municípios impactados pelas obras têm sido atendidos em suas demandas sociais, já que uma Usina como a Teles Pires leva uma média de 10 a 20 mil pessoas para cidades que muitas vezes não tem 50% deste público em sua população local, como no caso de Paranaíta, mas apontou que isto vai permitir o desenvolvimento da região e o mais importante, de forma sustentável, com a mínima agressão possível ao meio ambiente.
Mesmo reconhecendo a existência de entraves legais e burocráticos, veis pelas obras em atender as demandas das cidades e também do próprio Estado. Mesmo convicto, o Ministério Público de Mato Grosso e o Federal já embargaram mais de uma vez as obras da Usina Teles Pires, da Usina Colíder e da Usina Sinop, mas esses empecilhos legais acabaram sendo derrubados por decisão superior.
O promotor Marcelo Vacchiano, de Alta Floresta, pondera que a instituição não é contra as obras da usina e do desenvolvimento da região, mas lembrou de que não há como se realizar uma obra desta envergadura sem consequências ambientais de toda a sorte. "Já nos reunimos com as empresas responsáveis e tivemos avanços, as essas obras precisarão de acompanhamento constante já que os riscos são enormes e podem ser ampliados de forma considerável se não houver uma fiscalização de todos os passos das empresas", ponderou o promotor de Justiça, acrescentando que fora a questão ambiental também existe os problemas sociais decorrentes do enxame de pessoas que se instalarão por períodos de certa forma longos, mas só durante a execução das obras.
Por sua vez o governador Silval Barbosa frisa que o desenvolvimento vem acompanhado de certa perda, mas tudo dentro de parâmetros aceitáveis e sustentáveis e garantiu que os investimentos terão uma grande repercussão no Norte de Mato Grosso e em toda a região Amazônica que não pode ser vista apenas como uma área que precisa ser preservada sem gerar nada de positivo para o país, os Estados e os municípios.
"Existe todo um estudo da capacidade de geração de energia em Mato Grosso que precisa ser divulgado para que as pessoas entendam ser possível explorar nossas potencialidades preservando o meio ambiente, sem degradar a nada", disse o governador lembrando que quando chegou no Norte do Estado sempre ouviu dizer dos impactos das duas maiores usinas do Brasil, Itaipú e Tucuruí e nada disto se confirmou, pelo contrário, elas se tornaram exemplo de geração racional de energia elétrica para atender a um consumo quase sempre crescente.