O interventor do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Elielson Ayres de Souza, disse ontem ao jornal A Gazeta que deixa a função em Mato Grosso completamente frustrado. Indignado, ele contou que há 15 dias não conversa com o presidente nacional do Ibama, Marcus Barros, com quem falava toda semana e de quem esperava apoio para escolher um técnico de Mato Grosso para a gerência local.
“Acredito que o governo federal está perdendo uma oportunidade histórica de mudar o modelo de gerenciamento do órgão de político para técnico a partir deste Estado. E o prejuízo dessa atitude fica para o Meio Ambiente e para a população”, considera.
Grande, com quatro ecossistemas diferentes, recordista em focos de incêndio e desmatamento, Mato Grosso, também abrigava há até 60 dias uma quadrilha que seria responsável pelo transporte ilegal de R$ 890 milhões em madeiras, somente nos últimos dois anos.
Porém, o grupo que contava com a participação de funcionários do Ibama e da Fema foi desarticulado com a Curupira que se apoiou em dados levantados em 11 meses de investigações, conduzidas por Souza.
Por conta de concentrar todas essas particularidades o governo federal estaria tendo dificuldades em definir um nome para ocupar o posto, vago desde o último dias 02, quando terminou o prazo da intervenção. “Não sofri nenhum tipo de pressão política para fazer indicação e se elas existem nos bastidores eu desconheço. O que fica evidente é que querem usar isso aqui como órgão de barganha política. As eleições estão próximas e tenho certeza que a transição não será como planejamos”.
Segundos depois de disparar a avaliação, Souza pondera que a única coisa que pode impedir uma indicação política é o “momento” pós Curupira. “Se há dois meses tivessem me avisado que seria assim, talvez eu não tivesse aceitado fazer esse trabalho”.
Souza produziu um relatório com 88 páginas sobre toda a operação e informou que ainda ontem encaminharia tudo para Barros. Do trabalho em si, o procurador afirma que não se arrepende e informa que se dedicou mais de 12h, quase todos os dias, para conseguir imprimir comportamentos e mudanças. “Além de mim muitos trabalhadores também se esforçaram e permaneceram dias inteiros e parte de noites em suas atividades”.
A ministra do Meio Ambiente Marina da Silva pode aproveitar a visita a Mato Grosso para revelar a identidade do novo gerente do Ibama. Ela é a segunda autoridade ambiental do Executivo federal que vem ao Estado, depois da operação Curupira. No início da operação esteve em Cuiabá o presidente nacional do Ibama, Marcus Barros.