O inquérito instaurado para apurar a participação de militares no suposto esquema de escutas clandestinas no âmbito da Polícia Militar confirmou a existência de um ‘Núcleo de Inteligência’ que operava uma central de interceptações telefônicas clandestinas na PM desde outubro de 2014. Conduzido pelo coronel da Polícia Militar, Jorge Catarino, o inquérito apontou que o grupo de militares criaram um ‘Núcleo de Inteligência’ para fazer interceptações telefônicas com o intuito de obter informações privilegiadas. Foram ‘grampeadas’ pelo menos mil pessoas entre políticos, advogados, jornalistas e servidores.
São acusados de participarem do núcleo, os três coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco e Ronelson Barros e o tenente-coronel Januário Batista, e o cabo Gerson Correa Junior. Apenas o Januário Batista obteve liberdade.
De acordo com o inquérito, o núcleo existia desde a campanha eleitoral de 2014 e as escutas ilegais eram feitas através de um sistema chamado de ‘Sentinela’, operado paralelamente aos sistemas ‘Sombra’ e o ‘Guardião’ de responsabilidade da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), respectivamente.
O ‘Sentinela’, inclusive, tinha um manual de instrução e cada policial tinha seu próprio acesso com login e senha. O sistema também era operado pela internet e os militares tinham um grupo de WhatsApp com o mesmo nome, onde conversavam sobre as escutas. Ainda conforme o inquérito, todas as interceptações gravadas eram salvas em pastas nomeadas como ‘Charlie Mike’ que fazem referência a Casa Militar de acordo com o jargão policial.
As interceptações só foram encerradas em outubro de 2015, ocasião em que o núcleo foi desmontado, conforme concluiu o inquérito. Neste mesmo dia, o ex-secretário de Segurança Pública (Sesp), promotor de Justiça Mauro Zaque, fez a primeira denúncia ao governador Pedro Taques (PSDB) sobre o esquema de arapongagem em Mato Grosso. O inquérito apontou ainda que não há registro das gravações.