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Indígenas paralisam transporte de balsas no Pará em ato contra a ferrovia Sinop-Miritituba

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Só Notícias (foto: Cristian Arapiun/divulgação)

Um grupo de indígenas protestou, neste final de semana, contra a construção da Ferrogrão, ferrovia projetada para ligar Sinop aos portos de Miritituba, no Pará. O “7º Grito Ancestral do Povo Tupinambá” paralisou o transporte de balsas no rio Tapajós por cerca de seis horas.

O protesto também contou com indígenas dos povos Munduruku, Apiaká e Jakari, entre outros. Os manifestantes subiram nas balsas que fazem o transporte de grãos no Pará e estenderam faixas contra o projeto da ferrovia, além de serem contrários à implantação de uma hidrovia na região.

“O Grito Ancestral é mais do que um ato de resistência: é um chamado para proteger o Tapajós contra projetos destrutivos como a Ferrogrão e a hidrovia, que ameaçam nossos territórios, destroem o equilíbrio ambiental e colocam em risco o modo de vida dos povos que vivem na região”, disse em nota o Conselho Indígena Tupinambá.

No mês passado, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) recomendou ao governo federal a suspensão de todos os atos relacionados à implantação da “Ferrogrão”. O Conselho é vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e quer que o empreendimento seja suspenso até “consulta prévia, livre, informada e de boa-fé aos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais”.

A recomendação também é direcionada aos governos estaduais de Mato Grosso e Pará e foi aprovada por unanimidade pelos membros do Conselho. O CNDH aponta um contexto preocupante de destruição socioambiental já em curso, agravado por dados alarmantes de desmatamento, grilagem de terras e avanço da fronteira agrícola sobre o Cerrado e a Amazônia.

Recentemente, a senadora Rosana Martinelli (PL) cobrou urgência para o projeto da Ferrogrão, ao presidir uma audiência pública no Senado Federal para discutir concessões ferroviárias e a necessidade de ampliar a participação do modal ferroviário na matriz de transportes do Brasil. A ferrovia foi um dos pontos centrais da audiência.

O projeto, com 933 km de extensão, visa escoar a safra, madeira e outros produtos, além de receber insumos importantes para o setor produtivo. Presente na audiência, Elisângela Pereira Lopes, da Confederação da Agricultura e Pecuária, pontuou que a adoção do modal ferroviário pode reduzir os custos de transporte em cerca de 30%. Segundo ela, o novo estudo revisou a estimativa inicial de movimentação de 20 milhões de toneladas para até 50 milhões de toneladas ao final da concessão.

Outro ponto discutido foi o papel estratégico da ferrovia para o aumento das exportações brasileiras via portos do Arco Norte, que cresceu de 5 milhões de toneladas em 2013 para 22,5 milhões em 2022. “O Brasil é uma potência no agronegócio e precisa de uma logística eficiente para garantir sua competitividade internacional”, disse o secretário nacional de Transportes Ferroviários, Leonardo Cézar Ribeiro.

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