O lançamento de três novas campanhas publicitárias pelo governo federal num momento de forte desgaste do Congresso explica a recuperação da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avalia a diretora-executiva do Ibope Opinião, Márcia Cavallari Nunes.
“É uma propaganda do tipo prestação de contas, que oferece informações prontas para as pessoas e pode ajudar na avaliação que elas fazem do governo”, disse à Reuters nesta segunda-feira Márcia Cavallari.
A diretora-executiva do Ibope também associa a recuperação dos índices de Lula e do governo, que eram negativos desde agosto de 2005, ao desgaste sofrido pelo Congresso no final do ano passado e início deste. As ausências na convocação extraordinária e a demora no julgamento de acusados de participar do mensalão foram muito noticiadas, recorda.
“Pode-se dizer que, na passagem do ano, o foco da crise mudou do Executivo para o Legislativo”, afirmou a analista.
Como essa “transferência” é um dado conjuntural, não se pode afirmar ainda que a recuperação do presidente e do governo seja uma tendência de opinião consolidada, advertiu a diretora do Ibope.
Na pesquisa divulgada pelo instituto sexta-feira, o índice de aprovação de Lula subiu para 49% dos entrevistados, contra 42% na pesquisa de dezembro. A desaprovação caiu para 44%, contra 52% em dezembro. O levantamento foi feito entre os dias 12 e 16 de janeiro.
Rejeição
A pesquisa também registra que Lula é o candidato mais rejeitado por 31% dos entrevistados, que disseram não votar nele “de jeito nenhum”. Esse índice, embora alto, está na média histórica das pesquisas, segundo a analista.
“Mesmo no início do governo, a rejeição ao Lula por uma parte da população estava em torno desse patamar”, disse Márcia Cavallari.
O prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, têm rejeição de 7% cada um. Anthony Garotinho (PMDB) tem rejeição de 20%; Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de 15%; Cristovam Buarque (PDT), de 14%, e Heloísa Helena (PSOL), de 11% dos entrevistados.
Para 26% dos eleitores pesquisados, o PT é o partido que desperta maior simpatia e identificação, superando PMDB, com 15%, e PSDB, com 8%.
“Ainda é um índice alto de simpatia, mas houve momentos em que o PT era bem visto por cerca de um terço da população, e essa queda reflete o impacto da crise sobre a imagem do partido”, disse Márcia Cavallari.
O PT é o partido mais rejeitado por 19% dos eleitores, de acordo com o Ibope, enquanto PMDB, PSDB, PFL, PV, PCdoB e PRONA são rejeitados por 5%.
Para 31% dos entrevistados, independentemente da intenção de voto de cada um, Lula será o próximo presidente, seguido nas apostas por José Serra, com 26%, e Geraldo Alckmin, com 12%.
“Esse é um dado que pode mudar com a evolução da campanha e reflete a impressão momentânea das pessoas”, disse Márcia Cavallari.