Depois de deixar a reunião com o presidente interino Michel Temer no Palácio do Planalto, o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (DEM-AM), disse estar confiante de que o governo não está interferindo nas atividades legislativas em troca de um abrandamento da pena atribuída ao presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O futuro do peemedebista deve ser definido na próxima terça-feira (14) pelo Conselho de Ética, que há oito meses julga o pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar.
“Tenho a certeza de que não há interferência. O governo dele não é ação entre amigos. Ele é presidente da República e está no propósito de trazer normalidade política e crescimento para o país”, disse Avelino, já de volta à Câmara.
O deputado tem sido um dos defensores mais aguerridos da cassação de Cunha. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o democrata é um dos principais críticos da consulta sobre o rito de cassação de parlamentares na Câmara que resultou em um parecer elaborado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) que pode amenizar a situação de Cunha.
Em função deste relatório, a CCJ agora é tida como novo alvo de manobras de aliados de Cunha por seus adversários, para quem o presidente afastado estaria comandando as trocas recentesna composição do colegiado. Em sua página no Twitter, Eduardo Cunha reagiu a reportagens sobre uma possível negociação com o Planalto sobre sua situação. “Quero desmentir com veêmencia informação divulgada pela Globonews de que alguém do governo tenha me procurado para tratar de qualquer coisa”, destacou.
Além de Pauderney Avelino, participaram da reunião de hoje os líderes Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Paulo Foletto (PSB-ES), e Arnaldo Jordy (PPS-PA). Imbassahy disse que o processo contra Cunha e sua condição de deputado afastado inclusive da presidência da Casa pelo Supremo Tribunal Federal são uma questão de “economia interna” e que Temer está ocupado com a condução das atividades do Executivo.
“A despeito dessa confusão na Casa, estamos conseguindo votar matérias importantes”, afirmou. O tucano mencionou a aprovação da meta fiscal, no dia 25 de maio, e da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), em segundo turno, na noite de ontem (8), depois do impasse colocado por parlamentares que se recusaram a deliberar sobre a matéria enquanto o vice-presidente da Câmara Waldir Maranhão continuasse presidindo a sessão.
Base aliada
Depois do encontro no Planalto, Imbassahy ainda participou de um almoço na sala de liderança do governo na Câmara, convocado pelo líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE). O encontro foi marcado para uma aproximação com o novo ministro das Cidades, Bruno Araújo, que, antes de entrar, antecipou que vai "prestar contas" aos líderes sobre o que chamou de "irresponsabilidade" do governo da presidente afastada Dilma Rousseff diante de promessas feitas. "São números que, por exemplo, se formos cumprir todos os compromissos na área de saneamento sem fazer novo lançamento, serão necessários mais de 40 anos. Dados como esse se refletem na área de mobilidade e em outras ações do ministério", disse.
Araújo disse que sua gestão será baseada em "planejamento e dizer a verdade" e explicou que vai tentar garantir as obras que estão avançadas e estudar, com técnicos e a sociedade, entre aquelas não iniciadas, quais são possíveis neste momento do país.