De nada adiantou o esforço do governo para retirada de assinaturas do requerimento da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios.
A oposição saiu vitoriosa e conseguiu evitar que o pedido de CPI tivesse menos que 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores. Com isso, esgotam-se as manobras regimentais para evitar a criação da CPI. No total, 240 deputados e 52 senadores assinaram o requerimento de acordo com uma contagem preliminar da Mesa Diretora.
A estratégia da base governista era reunir durante todo o dia nomes de parlamentares arrependidos de referendar o pedido de investigação pelos partidos de oposição.
As chances do governo de evitar a CPI diminuíram sensivelmente com a decisão de deputados do PT de manter suas assinaturas. A postura dos petistas encorajou outros deputados, como a deputada Maninha (DF), a assinar de última hora o requerimento.
“Não houve trabalho ordenado. Não foi bem feito o trabalho dos líderes”, avaliou o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Sem uma decisão conjunta do PT, deputados dos demais partidos da base recusaram-se a recuar do apoio. Um apoio dos petistas ao governo seria acompanhado por um movimento do PMDB, partido que contribuiu com 39 assinaturas para a criação da CPI.
Depois de uma reunião de aproximadamente duas horas, os líderes dos partidos governistas foram à Secretaria-Geral da Mesa com número insuficiente de deputados arrependidos. A oposição, por sua vez, tinha pelo menos cinco novas assinaturas para fazer frente à estratégia do governo.
CPI das Privatizações
Criada a CPI dos Correios, os governistas prometem fazer da CPI das Privatizações do Setor Elétrico um “anteparo”. Os governistas dizem que, se a oposição utilizar a investigação do caso de corrupção na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) como palanque para as eleições de 2006, farão um contraponto na outra comissão.
A CPI do Setor Elétrico já estava criada e teve como motivação o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que revelou que havia pedido para que fossem abafadas denúncias de corrupção nas privatizações durante o governo Fernando Henrique Cardoso.