A carta de renúncia do governador interino do Distrito Federal (DF), Paulo Octávio, foi lida há pouco na Câmara Legislativa do DF. Na mensagem, ele afirmou que deixou o cargo por não ter apoio para governar o Distrito Federal e disse que “saio da cena política e me coloco nas fileiras da cidadania”. “As negociações tornaram mais caras para mim encontrar a governabilidade”, disse Paulo Octávio, na carta lida pelo deputado Cabo Patrício (PT), que assumiu a presidência da Câmara no lugar de Wilson Lima (PR).Mais cedo, Paulo Octávio anunciou sua desfiliação do DEM e reclamou da falta de apoio de legenda, que já cogitava expulsão dele. “Sem apoio do DEM considero perdida as condições para pedir apoio a outros partidos”, afirmou.
Segundo Paulo Octávio, o governador licenciado José Roberto Arruda (sem partido), preso na Polícia Federal, pode voltar ao governo distrital, caso seja solto. Com a renúncia de Paulo Octávio, o governo do Distrito Federal será chefiado pelo deputado Wilson Lima (PR), que estava na presidência da Câmara, conforme a linha sucessória da Lei Orgânica do Distrito Federal.
Lima (PR), disse que assumiu para tentar garantir a normalidade na capital. “O compromisso que posso assumir, ao aceitar tão árdua missão, é com a normalidade democrática. E de não permitir a paralisia do governo para que as obras e ações sociais sejam levadas até o fim, não piorando ainda mais as coisas para o povo desta cidade”, disse ele, na nota.
“Há quem defenda como solução a ruptura política e a intervenção federal. Não serei empecilho à volta da normalidade. Não criarei um único obstáculo para a condução democrática de nossa cidade. Não farei mudanças bruscas e não aceitarei nenhuma ingerência política”, acrescentou, em sua primeira declaração como governador em exercício do Distrito Federal.
Lima estava à frente da Câmara Legislativa e assumiu o comando do governo distrital seguindo a linha sucessória prevista na Lei Orgânica do Distrito Federal. Ele integra a base de aliados do governador licenciado José Roberto Arruda (sem partido), preso na Superintendência da Polícia Federal.
Alguns distritais evitaram dizer se vão apoiar ou não a gestão de Lima. Ao ser questionado sobre o possível apoio ao novo governador, o deputado Chico Leite (PT), da oposição, limitou-se a responder que a bancada petista vai respeitar “a linha sucessória”.
Diante da renúncia de Paulo Octávio, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propõe um pacto de governabilidade para enfrentar a crise política e institucional no Distrito Federal. “Cumprindo o seu papel constitucional e em respeito à sociedade, a OAB propõe um pacto de governabilidade unindo as forças democráticas para recolocar a capital do país no seu merecido destaque, expurgando todas as práticas de administração irresponsáveis que levaram a cidade a um lamentável descrédito político. A OAB se coloca à disposição para uma discussão urgente, profunda e inadiável em torno desse pacto de governabilidade, no qual serão lançadas as bases de uma democracia efetiva da capital do país”, afirma nota da OAB, assinada pelo presidente da entidade, Ophir Cavalcante.